Jornal da Ciência, em 22/03/2012
Em dois anos de operação, o CTBE depositou quatro patentes nas áreas agrícola e biológica, duas delas licenciadas à iniciativa privada.
O relatório do DWPI (Índice Mundial Derwent de Patentes), divulgado em março, registrou um crescimento de 64% no número de patentes depositadas no Brasil nos últimos dez anos e qualificou o País como “um canteiro fértil” da inovação. O Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), em Campinas, contribuiu para esses resultados. Desde a sua inauguração, em janeiro de 2010, quatro patentes foram depositadas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), sendo duas delas licenciadas à Jacto Máquinas Agrícolas S.A.
As invenções licenciadas protegem dois diferentes módulos de colheita que serão instalados num equipamento agrícola – chamado de Estrutura de Tráfego Controlado (ETC) – para diminuir a perda de biomassa ocorrida durante a colheita da cana-de-açúcar, reduzir a compactação do solo e permitir a implantação do sistema de plantio direto, que dispensa o preparo da terra para plantio. A primeira versão comercial da ETC deve chegar ao mercado em 2016. Este projeto conta com R$ 16 milhões em recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Duas outras patentes, ligadas à área da biotecnologia, estão à disposição de possíveis parceiros industriais. Uma delas está relacionada ao pré-tratamento da biomassa. Trata-se de um composto que, aspergido sobre a cana durante o seu crescimento, altera a constituição da sua parede celular. Tais mudanças facilitam a ação das enzimas que convertem essa biomassa em hexoses, açúcares facilmente transformados em etanol pelas leveduras comerciais. Segundo o diretor científico do CTBE e um dos criadores da técnica, Marcos Buckeridge, a utilização deste composto no campo pode minimizar ou até mesmo dispensar a etapa de pré-tratamento da biomassa na produção de etanol de segunda geração.
A segunda patente diz respeito a um sistema enzimático geneticamente modificado que, além de tratar o bagaço e a palha de cana para a produção de etanol, gera compostos fenólicos. Estes, segundo o inventor do processo e pesquisador do CTBE Fabio Squina, são amplamente utilizados na fabricação de cosméticos e fármacos antivirais, antiinflamatórios e antitumorais. O ácido ferúlico, inclusive, é um dos precursores da vanilina, um dos aromatizantes mais empregados no mundo pela indústria alimentícia.
Interessados no possível licenciamento dessas patentes podem acessar https://www.bioetanol.org.br/interna/index.php?chave=baixoimpacto para conhecer a forma como o CTBE se relaciona com parceiros industriais e entrar em contato com a Gestão de Negócios do Laboratório (negocios@bioetanol.org.br).
(Ascom do CNPEM)