NIT Mantiqueira, em 21/05/2013
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), uma das seis nucleadoras do NIT Mantiqueira, aceitou o desafio de construir um acelerador de partículas com uma das menores emitâncias de luz síncrontron do mundo: o Projeto Sirius. Considerado por alguns como o maior projeto da história da ciência brasileira, o anel que terá cinco vezes a dimensão do atual, será instalado em Campinas, São Paulo, em um prédio com o tamanho aproximado de um estádio de futebol (250 metros de diâmetro). “O Sirius será a máquina de maior brilho na sua classe de energia”, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo, o físico Antonio José Roque da Silva, diretor do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), responsável pelo projeto.
No ano passado, ao submeter o projeto à avaliação de um grupo de especialistas em física de aceleradores do Brasil e do exterior, denominado Machine Advisory Committee (MAC), o LNLS recebeu o desafio de reduzir a emitância de luz do anel, cuja previsão era de 1.8 nm.rad. Em pouco mais de um mês a equipe do LNLS chegou a uma proposta de emitância de 0.28 nm. rad., o que torna Sirius uma máquina única, com a menor emitância natural dentre os síncrotrons no mundo, próxima à de MAX-4, também em fase de construção na Europa. Em fevereiro de 2013 os novos parâmetros foram apresentados a este mesmo comitê, que considerou o projeto “ambicioso”, “consistente” e “muito viável”. Entre os integrantes do MAC estão referências internacionais na área como Robert Hettel e Helmut Wiedmann, do Stanford Synchrotron Radiation Laboratory, da Califórnia, Estados Unidos, Mikael Eriksson, do MAX-4, Suécia, e Nelson Velho de Castro Faria, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O acelerador de terceira geração funcionará como um microscópio gigante, permitindo aos cientistas visualizarem estruturas atômicas e moleculares de diferentes materiais, ao iluminá-las com diferentes tipos de radiações produzidas pela Luz Síncrotron. Esse tipo de luz produz uma radiação eletromagnética de amplo espectro, abrangendo desde o infravermelho até os raios X. A radiação é gerada pela aceleração de elétrons, dentro de um anel, a 99,999999% da velocidade da luz, que é de aproximadamente 300 mil km/s. Sua aplicação beneficiará experimentos em diversas áreas científicas como, por exemplo, biologia molecular, nanotecnologia, microeletrônica, energia e novos materiais, entre outras. Atualmente existem 45 aceleradores em todo o planeta. Desses, apenas 15 são de terceira geração.
O valor total do projeto será de aproximadamente R$ 650 milhões e receberá investimentos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e de outros parceiros. A construção terá início ainda em 2013, com previsão para ser inaugurada em 2016. Inicialmente o laboratório deverá atuar com 13 linhas de luz, mas poderá chegar a 40. A previsão é que o acelerador atraia cientistas de todo o mundo, como acontece com equipamentos similares, posicionando o Brasil como um “competidor sério no mercado mundial de síncrotrons”, afirmou Hettel.
Acelerador Atual
Localizado em Campinas, São Paulo, atualmente o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) opera a única fonte de luz Síncrotron da América Latina, atendendo à aproximadamente 1400 cientistas por ano. O LNLS é administrado pelo CNPEM, uma das seis nucleadoras do NIT Mantiqueira. Instituída pelo MCTI como uma Organização Social, o Centro é responsável, também, pela gestão do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) e Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano).
Para mais informações sobre o Projeto Sírius, consulte a página do Laboratório Nacional de Luz Síncrontron (LNLS), no link: https://lnls.cnpem.staging.wpengine.com/sirius/