Assessoria de Comunicação, em 27/10/2010
Físico integrou o 1° Conselho Diretor do LNLS e foi um dos primeiros membros do Conselho de Administração da ABTLuS
O físico Jean Albert Meyer, que integrou o primeiro Conselho Diretor do LNLS, nomeado em 1987, e foi um dos primeiros membros do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron (ABTLuS), morreu na sexta-feira (24/9), aos 85 anos, em Paris, em decorrência de um derrame.
“Jean Meyer foi, desde o início, um dos impulsionadores do projeto do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS). Não apenas no âmbito político, onde seu apoio (dentro e fora do laboratório) foi fundamental, mas também em questões organizacionais e técnicas. Sua experiência de trabalho em ‘big science’ no Cern, seu bom senso e seu bom humor, sua apreciação irônica e, ao mesmo tempo, generosa da natureza humana e sua extensa rede de relacionamentos estiveram sempre à disposição da jovem e inexperiente equipe do LNLS. Era um prazer trabalhar com ele.
A comunidade usuária do LNLS deve mais a Jean Meyer do que sabe ou imagina”, disse à Agência FAPESP Cylon Gonçalves da Silva, presidente da Ceitec, professor emérito do Instituto de Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador adjunto de Programas Especiais da FAPESP.
Meyer nasceu em Dantzig (atualmente Gdansk), na Polônia, em 25 de maio de 1925. Com as perseguições nazistas contra os judeus, veio com a família a São Paulo, em 1940. Estudou no Colégio Franco-Brasileiro e trabalhou como operário em uma indústria química, até terminar o curso universitário. Em entrevista a Shozo Motoyama, publicada no livro FAPESP 40 anos – Abrindo Fronteiras (2004), organizado por Amélia Império Hambuger, Meyer afirmou que “esse intermezzo operário foi extremamente interessante porque aprendi a fazer coisas que dificilmente aprenderia na universidade”.
Por influência de Gleb Wataghin, então diretor do Departamento de Física da Universidade de São Paulo (USP), Meyer iniciou o curso de física e começou a trabalhar em experiências sobre raios cósmicos, construindo detectores geiger. De 1951 a 1953, esteve na França, no Laboratório do professor Leprince Ringuet na Escola Politécnica de Paris. Voltou à USP, mas em 1956 partiu novamente para a Europa, primeiro em Pádua, Itália, e em seguida na França, em Saclay, onde trabalhou com física nuclear e física de partículas elementares. Em 1968, recebeu convite para retornar à USP, “mas veio o AI-5 e não voltei”, disse a Motoyama.
Em 1969, trabalhou no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), na Suíça, em experiências com aceleradores de partículas. Organizou um programa de pesquisas apoiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), sobre fontes de energias alternativas e, em 1975, voltou ao Brasil, dessa vez para a Unicamp, para liderar um grupo no então novo campo de pesquisa. Entre 1976 e 1980 foi diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP. Voltou à França para o Comissariado de Energia Atômica e aposentou-se em 1990, encerrando a carreira como diretor do Laboratório da Escola Politécnica de Paris.