Correio Popular em 15/07/2016
O microscópio Titan Cubed Themis, o mais avançado da América do Sul para estudo de materiais, foi inaugurado esta semana no Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), em Campinas. O equipamento é fundamental no desenvolvimento de pesquisas competitivas.
O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, conheceu o microscópio nesta sexta-feira (15). O LNNano é um dos quatro laboratórios que compõem o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), onde está sendo construído o novo acelerador de partículas brasileiro — o Projeto Sirius, também visitado por Kassab.
“Esse microscópio tem uma característica especial. Ele faz correções ópticas que permitem excelente resolução. Com ele, realmente podemos enxergar átomo por átomo e moléculas muito pequenas. É de última geração e certamente permitirá dar um salto qualitativo importante nas pesquisas em nanociência e nanotecnologia do Brasil”, afirma o físico Marcelo Knobel, diretor do LNNano.
O microscópio estará aberto a pesquisadores interessados no segundo semestre. O equipamento é fabricado pela multinacional americana FEI, e foi adquirido com recursos provenientes do Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologia (Sisnano). O valor não foi revelado. A China possui 50 desses equipamentos. O Brasil, só esse.
Kassab é ministro da Ciência há dois meses, desde que o presidente interino Michel Temer assumiu. “Estamos nos inteirando de todos os programas, conhecendo todas as obras e empreendimentos. E é evidente que Campinas cada vez mais se torna o berço para pesquisa no País.
Acelerador de partículas
“O Sirius é o mais avançado projeto (de aceleração de partículas) do mundo”, disse o diretor do Laboratório Nacional de Luz Sincroton (LNLS), Antônio José Roque da Silva, coordenador do projeto. A construção do prédio que abrigará o equipamento começou em dezembro de 2014, e está com 28% das obras prontas. A estimativa é que o edifício fique pronto em maio de 2018, e seja aberto aos pesquisadores em 2019.
O Sirius terá em seu núcleo um acelerador de elétrons de última geração e deverá abrir novas perspectivas de pesquisa em áreas como ciência dos materiais, nanotecnologia, biotecnologia, física e ciências ambientais.
“Esse acelerador é um grande microscópio que vai enxergar na escala dos átomos ainda mais profundamente. E por que isso é importante? Para poder entender o vírus da zika e poder projetar um remédio para doença; para poder criar um aço melhor, para uma asa de avião; para enxergar como os átomos caminham ao longo do solo e penetram nas raízes, a fim de criar fertilizantes melhores…”, exemplifica Roque.
A única fonte de luz síncrotron da América Latina, chamada UVX, está instalada no LNLS. Possui 17 estações experimentais chamadas linhas de luz —, que analisam materiais orgânicos e inorgânicos, por meio de radiação eletromagnética. Foi inaugurada em 1997 e já não consegue mais atender plenamente às necessidades dos pesquisadores. Por isso, o LNLS está construindo o Sirius, a fonte de luz síncrotron de última geração.