G1, 19/09/2019
Ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações esteve nesta quinta-feira no principal projeto do governo federal de pesquisa científica, em Campinas.
O ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, esteve na tarde desta quinta-feira (19) na obra do principal projeto do governo federal de pesquisa científica, o Sirius, em Campinas (SP), e afirmou que estima mais R$ 400 milhões para o término do complexo. A declaração foi dada em um encontro de equipes de ciência, tecnologia e inovação de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, países do chamado Brics.
Após a reunião, o ministro, apesar de descartar investimento financeiro, disse que negocia com os países do bloco para parcerias de cooperação em outras instalações semelhantes de pesquisa, mas não da “categoria do Sirius”. Ele reafirmou o interesse de tornar o Brasil um membro do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), na Europa.
“Eu tenho trabalhado para ser um membro associado do Cern, então todas essas cooperações internacionais potencializam o resultado que a gente pode ter. Tudo isso segue um aprendizado grande pros nossos cientistas e quando você fala isso aumenta o potencial de criação e produção no país”, disse Pontes.
Maior e mais complexa infraestrutura científica já construída no Brasil, o projeto recebeu até setembro empenho de R$ 75 milhões dos R$ 255,1 milhões previstos para 2019 — 29,4% do total. Do valor, R$ 50 milhões foram pagos ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social responsável pelo projeto, e empregados na montagem do terceiro acelerador e nas primeiras linhas de luz.
O contingenciamento de verba do governo federal, que afeta o repasse de verbas ao Sirius, impede a conclusão das 13 linhas de luz em 2020, como era previsto.
Além de estimar o valor para o término do projeto, o titular da pasta informou que, apesar do alto investimento, o governo federal espera um retorno rápido. “O Brasil até agora investiu cerca de 1,3 bilhão aqui, essa organização, o CNPEM, é uma das que tenho muito orgulho no ministério e pra completar isso aqui, aproximadamente R$ 400 milhões. Parece muito dinheiro, certo? Mas o retorno desse investimento é gigantesco”, afirmou.
Luz síncrotron
O Sirius é um laboratório de luz síncrotron de 4ª geração, que atua como uma espécie de “raio X superpotente” que analisa diversos tipos de materiais em escalas de átomos e moléculas. Atualmente, há apenas um laboratório de 4ª geração operando no mundo: o MAX-IV, na Suécia.
No Brasil, essa tecnologia só está disponível em um equipamento de 2ª geração, em funcionamento há mais de 20 anos, dentro do CNPEM, em Campinas.
Prazo em risco
Apesar de garantir o início de operação no próximo ano, o diretor do projeto, Antônio José Roque da Silva, diretor-geral do CNPEM, afirmou no início do mês que o orçamento dotado pelo governo federal impede a conclusão no prazo inicial. Segundo ele, a entrega de todas as 13 linhas de pesquisa previstas no Sirius deverá ficar para 2021.
“Se das 13 [linhas de pesquisa] vamos entregar sete, oito ou nove em 2020, tudo vai depender de como as coisas andem. À medida que os recursos forem liberados, conseguimos programar as outras linhas”, diz o diretor.
“Não tem milagre. Você atrasa o escopo total do projeto, mas o ponto importante é que foi possível fazer uma gestão para que o Sirius comece a dar retorno. Com a entrega da primeira linha de luz, ele começa a ser utilizado”, defende Silva.
Sirius: maior estrutura científica do país, instalada em Campinas (SP). — Foto: CNPEM/Sirius/Divulgação
Linhas de luz
Atualmente, três linhas de luz, ou estações de pesquisa, estão em fase de montagem no Sirius. Batizada de Manacá, a linha em estado mais avançado e prevista para operar em 2020 foi visitada pelo ministro Marcos Pontes e representantes do Brics nesta quinta.
De acordo com o CNPEM, essa linha será responsável por pesquisas e estudos que podem auxiliar no desenvolvimento de fármacos e na descoberta de enzimas com aplicações na produção de alimentos, biocombustíveis e cosméticos, entre outros.
Entenda como funciona o Sirius, o Laboratório de Luz Síncrotron — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro, Igor Estrella e Rodrigo Cunha/G1
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