Téchne em Nov/2016
Obra de R$ 650 milhões abriga “linhas de luz” e aceleradores de elétrons de quarta geração
Em Campinas, São Paulo, está sendo construída pelo Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) a mais complexa infraestrutura científica do Brasil. Batizada de Sirius, em homenagem à estrela mais brilhante da constelação Cão Maior, a obra de 68 mil m², orçada em R$ 650 milhões, abriga ‘linhas de luz’ e aceleradores de elétrons de quarta geração, cujo bom funcionamento depende da estabilidade mecânica e térmica do edifício, um anel de concreto moldado in loco de 230 m de diâmetro com estrutura metálica para as coberturas.
Dentre as principais soluções para manter a estabilidade do edifício destacam-se o sistema de ar-condicionado de precisão e a fundação do piso especial onde serão montados os aceleradores e as linha de luz. São 1,3 mil estacas em um solo do tipo argilo silto-arenoso com recompactação no último metro, ou seja, pouco suscetível a recalques. ‘Como não sabemos exatamente como este edifício vai se comportar, optamos por ‘exagerar’ em soluções como a fundação em estacas, que elimina riscos de recalques diferenciais e isola o anel de vibrações’, explica o engenheiro Oscar Vigna, coordenador de obras do Sirius pelo Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). ‘Se a edificação não garantir as condições exigidas pelo acelerador de quarta geração, perdemos o projeto e todo o trabalho já feito’, acrescenta o engenheiro.
A falta de parâmetros definitivos para projetar foi outro grande desafio enfrentado pela equipe do CNPEM. Vigna conta que em 2013 o comitê internacional de aconselhamento (Sirius Machine Advisory Committee), que acompanha anualmente o projeto do Sirius, desafiou a equipe do CNPEM a construir um acelerador de elétrons de quarta geração, o primeiro da América Latina e o segundo do mundo. ‘Ao aceitar o desafio, ficamos sem parâmetros de projeto, pois tínhamos como referência os aceleradores de terceira geração já construídos. E o projeto do acelerador de quarta geração da Suécia, primeiro do mundo, ainda estava em desenvolvimento’, esclarece o coordenador de obras.