Via Estadão em 16/09/2020
Tudo indica que pode ter vida em Vênus, mas é preciso maior incentivo para a ciência e missões espaciais. “Tem que checar in loco”, explica Douglas Galante, astrobiólogo, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais.
Estudo publicado pela Nature Astronomy revela ter sido detectada a presença de fosfina na atmosfera de Vênus. De que maneira isso é vida?
Aqui na Terra a presença de fosfina representa atividade microbiana que vive sem O2, como pântanos e mangues por exemplo. E também que há matéria orgânica para decomposição. Portanto, por aqui, a fosfina está ligada diretamente à atividade biológica.
Isso pode ocorrer de maneira diferente em Vênus?
Pode haver, em Vênus, um fenômeno geológico desconhecido ou atividade biológica. O estudo nos convida a buscar mais informações. Digamos que encontremos uma pegada na areia da praia. Resta saber quem fez essa pegada.
E, se houver vida mesmo, ela pode ser diferente da que nós conhecemos?
Vênus e Terra são “planetas irmãos”, têm quase a mesma distância do Sol – o tamanho é praticamente o mesmo. E a atmosfera acreditamos que é parecida.
Quais devem ser os próximos passos a serem dados?
O que precisa ser entendido pela comunidade é que há indícios de vida em Vênus. Tem que ver in loco. É preciso dedicar tempo e missões espaciais para lá. Estão propostas duas missões da Nasa, para 2026 e 2030. É importante ressaltar que esse trabalho é fruto da ciência desenvolvida pela portuguesa Clara Sousa Silva. Ou seja, a ciência é fundamental e pode ajudar a responder as grandes questões do universo. /MARILIA NEUSTEIN