Folha de S. Paulo, em 20/08/2013
O MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) lançou ontem, em São Paulo, um programa que prevê o investimento de R$ 450 milhões em dois anos para estimular a ligação entre universidades e o setor privado na área da nanotecnologia.
A ideia é permitir que mais empresas desenvolvam produtos com estruturas complexas da ordem de milionésimos de milímetro –a escala dos átomos e das moléculas.
Segundo o plano, a infraestrutura de laboratórios estatais será oferecida a empresas, que poderão realizar pesquisa aplicada sem ter de investir pesadamente em equipamentos científicos.
Dos recursos já empenhados no programa, R$ 150 milhões são para o ano fiscal de 2013, e outros R$ 300 milhões para o de 2014.
Neste ano, R$ 38,7 milhões serão distribuídos para o SisNano (Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologia), que reúne 26 centros de pesquisa. A Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) receberá R$ 30 milhões, e o restante será distribuído entre entidades diversas. Em 2014, a Embrapii (Empresa Brasileira para Pesquisa e Inovação Industrial) deve receber R$ 30 milhões.
O dinheiro do programa terá uso distinto, dependendo da entidade que o recebe. “Nos projetos da Embrapii, as empresas entrarão com um terço do dinheiro”, disse o ministro Marco Antonio Raupp. “No SisNano, [a parceria] será uma negociação direta do laboratório com a empresa.”
As áreas prioritárias são indústria aeronáutica e aeroespacial, agricultura e alimentação, energia, cosméticos e aplicações ambientais.
O Ministério da Ciência levou ao lançamento do programa empresários que apresentaram casos de sucesso de investimentos em inovação na área de nanotecnologia.
A Nanum, por exemplo, empresa criada em 2003 por alunos da Universidade Federal de Minas Gerais, criou um novo tipo de tinta de impressão magnética. Hoje, tem um contrato com a HP e fatura R$ 10 milhões por ano.
BUROCRACIA
Alguns empresários reclamaram ontem da demora da Finep em dar resposta a pedidos de financiamento, mas Raupp diz que o prazo para retorno, a partir deste ano, não deverá superar 30 dias.
Já o problema da burocracia para ligar a academia ao setor privado, diz o ministro, será resolvido por meio de uma nova lei para rege o status das fundações universitárias, já em trâmite, redigida como medida provisória.
Cercadas de controvérsia, fundações têm tido dificuldade para captar recursos e aplicar o trabalho de pesquisadores de universidades públicas em pesquisas que envolvem empresas. “Mas estamos mudando a lei das fundações”, diz Raupp. “Depois disso, teremos condições de flexibilizar a contratação de serviços dos laboratórios universitários pelas empresas.” (RG)