Folha de S.Paulo em 15/04/2020
Nome do medicamento não foi divulgado sob justificativa de evitar corrida a farmácias, como no caso da cloroquina
Daniel Carvalho
BRASÍLIA
O governo federal anunciou nesta quarta-feira (15) que começará a testar em pacientes com o novo coronavírus um medicamento que, em laboratório, reduziu em 93,4% a carga viral em células infectadas pelo vírus, segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
O nome do remédio, que já é utilizado para outras doenças, não foi divulgado sob a justificativa de evitar uma corrida às farmácias, como houve com a cloroquina.
“Fiz questão de não saber este nome para evitar uma correria em torno deste medicamento enquanto não temos certeza de que ele vai funcionar para isso”, afirmou o ministro Marcos Pontes.
Serão testados 500 pacientes em cinco hospitais militares no Rio, um em São Paulo e um em Brasília. Os pacientes têm que assinar um termo de consentimento e não saberão o que estão tomando.
O teste dura cinco dias e, em seguida, os pacientes são observados durante nove dias, ainda internados no hospital. Serão monitorados carga viral, sintomas, exames clínicos de imagem, além de testes cardíacos e laboratoriais.
De acordo com o secretário de Políticas para Formação e Ações Estratégicas, Marcelo Morales, serão testados pacientes que chegar ao hospital com pneumonia, febre, tosse e tomografia com característica de vidro fosco.
“Nem o paciente vai saber o que está tomando nem o médico vai saber o que está dando”, explicou o secretário. Parte dos pacientes receberá o medicamento, enquanto parte receberá um placebo. Estudos que usam esse desenho são conhecidos como duplo-cego e são o padrão em testes de medicamentos.
Segundo Marcos Pontes, os testes devem ser concluídos até meados de maio e, como o remédio já existe, poderá ser usado para o tratamento da enfermidade.
O medicamento, de acordo com o ministro, “tem muito pouco efeito colateral”. Morales informou que já há versão genérica do remédio.
Cientistas do Cnpem (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), vinculado ao MCTIC, inicialmente analisaram 2.000 drogas que já são conhecidas e comercializadas. Dessas, seis foram consideradas promissoras para testes in vitro. Os pesquisadores usaram ferramentas de biologia computacional e inteligência artificial para verificar se os medicamentos conseguiriam se ligar aos vírus e bloquear a ação viral de criar cópias de si mesmo.
Entre as substâncias identificadas há analgésicos, anti-hipertensivos, antibióticos, diuréticos, entre outros.
Por fim, os cientistas do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, ligado ao ministério, descobriram que dois reduziram significativamente a replicação viral em células. O remédio mais promissor reduziu em 93,4% a carga viral em ensaios com as células infectadas, de acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia.
Marcos Pontes também disse que a pasta comandada por ele conseguiu produzir um reagente nacional para se realizar os testes para detecção de coronavírus.
Cientistas brasileiros também estão desenvolvendo no Brasil um equipamento para detectar o vírus em apenas um minuto.
“Temos capacidade de, em 20 dias, já colocar um número considerável dessas máquinas, não sei o numero ao certo. Estas máquinas conseguem fazer 500 testes por dia”, disse Pontes.
De acordo com o ministro, também está se trabalhando em uma vacina para atacar tanto influenza como o coronavírus.
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