Snif Brasil, 11, outubro de 2017
Com objetivo de reforçar a atuação no mercado farmacêutico, a Centroflora, fabricante de extratos para medicamentos fitoterápicos de capital nacional, vendeu a divisão de produtos nutracêuticos para a gigante suíça Givaudan. O valor do negócio não foi revelado, mas os recursos recebidos ajudarão a empresa a colocar em marcha um programa de investimentos de R$ 75 milhões a R$ 90 milhões nos próximos três anos.
Na divisão de alimentos, que é objeto da transação com a líder mundial em sabores e fragrância, a Centroflora tem uma linha de extratos vegetais e sucos e polpas desidratadas. A operação deve ser concluída no início de 2018 e, por até cinco anos, as duas empresas vão compartilhar a fábrica de Botucatu (SP), que também está dedicada à produção de extratos para fitomedicamentos.
A Centroflora continuará operando uma fábrica em Parnaíba (PI), de insumos farmacêuticos ativos (IFAs), e uma fazenda na mesma região onde cultiva a Cordia verbenácea, a partir da qual é obtido o óleo usado no anti-inflamatório Acheflan, do Aché.
A primeira etapa do plano de investimentos compreende a transferência do centro de pesquisa e desenvolvimento de Botucatu para Campinas, também no interior paulista, de forma a preservar a propriedade da própria farmacêutica e de seus clientes.
A Centroflora já está presente na cidade por meio de sua empresa de inovação radical, a Phytobios, que trabalha em parceria com o Laboratório Nacional de Biociências (LnBio) na área de desenvolvimento de medicamentos a partir da biodiversidade brasileira.
A segunda etapa, e que consumirá a maior parte dos desembolsos, é a transferência da produção de extratos fitoterápicos de Botucatu para uma nova fábrica, cuja localização ainda não foi definida. De acordo com o presidente do grupo Centroflora, Peter Andersen, o objetivo é iniciar as obras na segunda metade do ano que vem.
Conforme Andersen, há cerca de três anos o grupo decidiu pela separação dos negócios em diferentes divisões, de nutracêuticos e farmacêutica. “Fomos abordados por diferentes empresas até contratarmos um banco para nos assessorar na transação, há pouco mais de um ano”, conta. A Givaudan foi selecionada, segundo o empresário – a família é dona do grupo por meio da holding KTA -, por causa do valor oferecido e da compatibilidade de valores. “A Givaudan tem grande preocupação com sustentabilidade e rastreabilidade”, acrescenta.
Segundo Andersen, a principal estratégia da Centroflora no Brasil é o desenvolvimento de novos fitomedicamentos brasileiros. “A grande aposta é nas empresas que queiram desenvolver esses produtos e depois os extratos tradicionais”, afirma. O grupo, que no ano passado faturou US$ 100 milhões, é sócio da alemã CMS Pharma na Centroflora CMS, que produz na Índia um portfólio de oito farmoquímicos comprado da Boehringer Ingelheim.
Fonte:: Valor Econômico