CanaOnline, 9/outubro de 2017
RenovaBio pretende quase dobrar produção de biocombustíveis, reduzir o efeito estufa e ainda pode gerar 3 milhões de empregos
A aprovação do RenovaBio, marco legal dos biocombustíveis no Brasil, está cada vez mais próxima de se concretizar. Os players reunidos no CTBE nesta sexta, 29, demonstraram ter incorporado aos seus modelos econômicos tudo o que foi discutido na edição anterior do Workshop CTBE, que aconteceu em agosto, versando sobre o Renovacalc.
A cada encontro promovido pelo Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) parece crescer o consenso de que o desenvolvimento de combustíveis limpos e renováveis são essenciais para o cumprimento dos compromissos firmados para com a COP21.
A cooperação entre os atores envolvidos no RenovaBio e no Combustível Brasil (iniciativa do Ministério de Minas e Energia) “precisa acontecer e está acontecendo”, como destacaram Plinio Nastari, presidente da DATAGRO, e Arlindo Moreira, que integra a Diretoria de Abastecimento da Petrobras.
Miguel Ivan Lacerda, diretor de biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME) animou a plateia formada por empresários, pesquisadores e representantes das mais importantes instituições ligadas aos combustíveis no País. “Quando cheguei hoje de manhã, estava confiante da aprovação do RenovaBio no curto prazo, mas agora, no meio do evento, essa confiança aumentou muito”, revelou ao ser questionado por Gonçalo Pereira, diretor do CTBE – um dos quatro laboratórios que integram o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).
O comentário de Lacerda foi motivado pelas apresentações realizadas por CTBE, EPE, DATAGRO, ANP, FINEP, UNICA, MAPA, CADE, Mahle e Embrapa. Cada instituição a seu modo apresentou modelagens econômicas sólidas capazes de suportar as demandas de um programa de estado do porte do RenovaBio. “A modelagem econômica do programa está praticamente pronta”, acrescentou Lacerda: “faltam pequenos ajustes”.
Precisamos trocar o ou pelo e
O engenheiro Ricardo Abreu, diretor da Mahle, explicou que a demanda por combustíveis líquidos tende a permanecer alta no longo prazo. “Ela (a demanda por combustíveis) ainda vai existir por muito tempo. A frota de veículos a combustão ainda será dominante até 2040, respondendo por 75% da frota”, demonstrou em projeções.
Os dados foram apresentados durante a explicação sobre o futuro dos elétricos e híbridos na frota brasileira. Para Abreu, essa constatação representa uma gigante oportunidade para toda a cadeia de combustíveis. “Não apenas a energia solar, ou o etanol. Mas energia solar e etanol, e biodiesel e outras. Precisamos trocar o “ou” pelo “e” o quanto antes”, defendeu.
Para Abreu, o RenovaBio tem papel decisivo na manutenção de uma frota que emita cada vez menos Gases de Efeito Estufa (GEE), seja por meio de aumento da proporção de etanol e biodiesel nos combustíveis fósseis, seja pelo desenvolvimento de motores puramente movidos a etanol aliados a motores elétricos. A solução está no uso equilibrado das matrizes energéticas.
Gonçalo Pereira, que dirige o CTBE desde novembro de 2016 e instituiu os Workshops Estratégicos em março de 2017, considera fundamental que encontros como esses continuem acontecendo. “Hoje, não há questão sobre o RenovaBio que não carregue consigo o nome do CTBE. Nós estamos envolvidos profundamente com o programa, desde a calculadora até a modelagem econômica, social e ambiental”, destacou. “Nós vamos continuar apoiando programas de estado que acreditamos, com base em fatos, serem bom para o País”.