O Orion é um complexo laboratorial de pesquisas avançadas em patógenos, com instalações inéditas no mundo de um laboratório de máxima contenção biológica conectado a um acelerador de elétrons, o Sirius
Iniciaram-se no campus do Centro Nacional de Pesquisas em Energias e Materiais (CNPEM) as escavações no terreno onde será construído o prédio do Orion – complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. As escavações visam alcançar a profundidade necessária para a construção do subsolo da infraestrutura, e serão retirados, nesta etapa, cerca de 40.000 metros cúbicos de terra.
O subsolo abrigará a área de apoio do prédio – onde ocorrerão a carga e descarga de materiais, além de equipamentos de elétrica e informática, estoques, bem como as caldeiras para tratamento térmico de efluentes do laboratório de máxima contenção biológica.
Ao todo, serão quatro pavimentos, com a entrada principal nivelada ao acelerador de elétrons Sirius, reunindo nesse andar os laboratórios, escritórios dos pesquisadores e técnicas experimentais, incluindo as linhas de luz em conexão com o Sirius.
Depois das escavações, haverá a etapa de estaqueamento para sustentação do prédio. Quem explica com mais detalhes é o Diretor-Adjunto de Tecnologia do CNPEM, James Citadini, também responsável pela equipe à frente da construção do Orion.
“Estamos numa etapa bastante fundamental, que é a construção do subsolo do Orion. É um prédio de alta complexidade, que está sendo construído ao lado de uma das linhas de luz mais sensíveis do Sirius. Então, a dificuldade é realizar toda a terraplanagem, garantindo que o Sirius continue em operação”, detalha James. “Não é uma infraestrutura tão difícil de ser construída como o Sirius, mas tem algumas particularidades especiais, tais como a fundação, a construção do subsolo, os laboratórios em vários níveis de biossegurança, e toda a instrumentação e equipamentos de operação”, acrescenta.
De acordo com James Citadini, concluída a etapa do subsolo, o próximo passo é a instalação das fundações, nas quais serão fixados os elementos estruturais do prédio, seguido pela instalação do piso. Em seguida, começa-se a erguer a estrutura e o cobrimento, iniciando a construção do prédio em si.
Assim como as demais instalações do CNPEM, o Orion será uma infraestrutura a serviço da comunidade científica nacional e internacional, e será um instrumento de apoio à soberania nacional no enfrentamento de crises sanitárias.
Diretor-Geral do CNPEM, Antonio José Roque da Silva, ressalta a importância do Orion e destaca o ineditismo mundial do projeto, que será o primeiro laboratório de máxima biossegurança conectado a uma fonte de luz síncrotron.
“Vivemos uma pandemia e reconhecemos a importância de ter infraestruturas adequadas para enfrentá-las, bem como a necessidade de dar respostas para a sociedade brasileira. O Brasil não tem hoje um nível de biossegurança quatro, embora existam patógenos nesse nível que já causaram mortes no país e em países vizinhos. Esse será o primeiro projeto do mundo a conectar esses ambientes de alta biossegurança com linhas de luz de uma fonte síncrotron. Isso trará uma capacidade de análise de pesquisa inédita no mundo, posicionando o Brasil como líder nas pesquisas em patógenos. Mas, além de pesquisas, o Orion permitirá o desenvolvimento de vacinas e diagnósticos. Será importante para a vigilância sanitária, funcionando como as outras grandes instalações do CNPEM, que são abertas. Então, ele está no CNPEM, mas é para o Brasil, para todos os pesquisadores e, eventualmente, empresas do Brasil e do mundo”, destaca o Diretor-Geral.
Projeto Orion
O projeto Orion será um complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos, que compreenderá instalações de alta e máxima contenção biológica (NB4) inéditas na América Latina, as primeiras do mundo conectadas a um acelerador de partículas, o Sirius. Em construção na cidade de Campinas-SP, no campus do CNPEM, o Projeto reunirá técnicas analíticas e competências avançadas de bioimagens, que serão abertas a comunidade científica e órgãos públicos. Ao possibilitar o avanço do conhecimento sobre patógenos e doenças correlatas, o Orion subsidiará ações de vigilância e política em saúde, assim como o desenvolvimento de métodos de diagnóstico, vacinas, tratamentos e estratégias epidemiológicas. Instrumento de apoio à soberania nacional no enfrentamento de crises sanitárias, o Orion tem o potencial de beneficiar diversas áreas, como saúde, ciência e tecnologia, defesa e meio ambiente.
A execução do projeto Orion é de responsabilidade do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), uma organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O Projeto integra o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, é financiado com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) do MCTI e apoiado pelo Ministério da Saúde (MS). A iniciativa faz parte da Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial do Governo Federal, atuando como um instrumento de soberania, competência e segurança nacional nos campos científico e tecnológico para pesquisa, defesa, saúde humana, animal e ambiental. A concepção do Orion deve ainda fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), iniciativa coordenada pelo MS, voltada ao atendimento de demandas prioritárias do Sistema Único de Saúde (SUS).
Sobre o CNPEM
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) compõe um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de CT&I. Organização Social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no País, O CNPEM hoje desenvolve o projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. Equipes altamente especializadas em ciência e engenharia, infraestruturas sofisticadas abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores com o setor produtivo e formação de pesquisadores e estudantes compõem os pilares da atuação deste centro único no País, capaz de atuar como ponte entre conhecimento e inovação. Responsável pela operação dos Laboratórios Nacionais de Luz Síncrotron (LNLS), Biociências (LNBio), Nanotecnologia (LNNano) e Biorrenováveis (LNBR), e também pela Ilum Escola de Ciência, curso de bacharelado em Ciência e Tecnologia, com apoio do Ministério da Educação (MEC).