Sirius, acelerador de partículas brasileiro, será protagonista nos projetos com centros de pesquisa e universidades
A Equinor anunciou, nesta quinta-feira (10), o investimento de cerca de R$ 42 milhões em projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D), dos quais cerca de 22 milhões serão dedicados para o desenvolvimento de parte da infraestrutura de uma das estações de pesquisa do Sirius, acelerador de elétrons do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). O restante do investimento será aplicado em parcerias com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em pesquisas direcionadas para o setor de óleo e gás.
As iniciativas vão avaliar, por exemplo, o potencial de aprimoramento de simulações de reservatórios baseado em ferramentas digitais; as relações entre propriedades físicas de diferentes rochas de reservatórios de petróleo; e o impacto das interações entre rochas e fluidos envolvidos nos processos de extração.
“Investir em tecnologia e inovação é crucial para otimizar o setor de óleo e gás, acelerar projetos em energias renováveis e desenvolver soluções de baixo carbono, em linha com a nossa estratégia global. Nesse sentido, temos trabalhado para fomentar o desenvolvimento de soluções que contribuam para a eficiência de nossas operações, ao mesmo tempo em que estimulamos a ciência em nosso país”, afirma Veronica Coelho, presidente da Equinor no Brasil.
“O desenvolvimento de pesquisas em parcerias com instituições de expertise reconhecidas em suas áreas, como CNPEM, UNICAMP e UFSC geram conhecimento técnico e soluções de valor aplicados aos projetos da Equinor”, declara Andrea Achôa, gerente de PD&I da Equinor no Brasil.
A parceria com as três instituições tem escopos complementares integrando-se no “superprojeto” Sirius, com investimentos na extensão de infraestrutura e atividades de pesquisa. A Equinor, em parceria com CNPEM, Unicamp e UFSC, utilizará a maior e mais complexa infraestrutura científica brasileira para aprofundar conhecimentos sobre atividades de exploração e produção.
O projeto de P&D em parceria com a Unicamp terá como objetivo avaliar as propriedades das rochas existentes no pré-sal no que diz respeito, principalmente, à sua porosidade, permeabilidade e seu comportamento em contato com diferentes fluidos. As amostras de rocha serão enviadas ao CNPEM para serem investigadas na estação de pesquisa Mogno, do Sirius, e comparados a dados coletados no Labore – Laboratório de Reservatórios de Petróleo da Faculdade de Engenharia Mecânica, da Unicamp.
“A parceria dá continuidade a que iniciamos em 2013, quando o Labore esteve à frente de dois dos três projetos entre a Equinor e a Unicamp. A cooperação reforça a formação de recursos humanos de alta qualificação por meio do curso de pós-graduação em Ciências e Engenharia de Petróleo, de caráter interdisciplinar, com gestão conjunta por meio da Faculdade de Engenharia Mecânica e do Instituto de Geociências, com apoio do Cepetro”, declara Rosangela B. Z. L. Moreno, Coodenadora do Projeto da Unicamp. “Os projetos de pesquisas em conjunto têm impactado positivamente no desenvolvimento de novas tecnologias que beneficiam o setor energético e consequentemente a sociedade”, complementa Marcelo Souza de Castro, Diretor do Cepetro.
Também para observar os fenômenos dos diferentes fluidos interagindo com as rochas, a colaboração com a UFSC vai realizar estudos, a partir da utilização de rochas reservatório do pré-sal, para desenvolver um protocolo digital para estas amostras. Esses experimentos, que integram outro projeto de P&D, serão comparadas a imagens geradas com uso de técnicas avançadas de microtomografia, realizadas no Sirius. Pretende-se, com a iniciativa, aperfeiçoar os códigos de simulação numérica do escoamento de fluidos em meios porosos, o que é recorrentemente utilizado nas operações da Equinor.
“A parceria com a Equinor, a Unicamp e o CNPEM reforça o compromisso da UFSC com o desenvolvimento de ciência e tecnologia de alta qualidade e suas aplicações na indústria, uma marca importante na identidade de nossa universidade. Este projeto é especialmente relevante pela elevada internacionalização, ao nos conectar com uma multinacional atuante em um setor estratégico da economia brasileira e com pesquisadores de vários outros países”, salienta o professor Jacques Mick, pró-reitor de Pesquisa e Inovação da UFSC.
Já a colaboração com o CNPEM envolve o desenvolvimento de projetos de infraestrutura para a linha de luz Mogno, atualmente em fase de testes no Sirius. Projetada para micro e nanotomografia de raios-X, a Mogno permite gerar imagens tridimensionais em poucos segundos e em zoom contínuo, o que torna possível estudar uma mesma amostra em baixa e alta resolução.
Os experimentos a serem realizados em parceria com a Equinor na linha de luz Mogno se beneficiarão das características que tornam o Sirius uma fonte de luz síncroton de última geração, como seu alto brilho. Dessa forma, os pesquisadores envolvidos nesses projetos terão uma melhor compreensão das dinâmicas do escoamento de fluidos através dos poros das rochas-reservatório, o que contribui, por exemplo, para a recuperação avançada de petróleo.
“Este projeto permitirá implementar um novo sistema experimental na microestação atual da linha Mogno, visando obter imagens tridimensionais de alta resolução em condições in-situ e operando. Nesses experimentos, as amostras de rocha poderão ser analisadas em condições similares às dos reservatórios de petróleo, durante a injeção de diferentes fluidos nos meios porosos dessas rochas”, explica Harry Westfahl Jr., diretor do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), do CNPEM.
Sobre o CNPEM
Ambiente sofisticado e efervescente de pesquisa e desenvolvimento, único no Brasil e presente em poucos centros científicos do mundo, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) é uma organização privada sem fins lucrativos, sob a supervisão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O Centro opera quatro Laboratórios Nacionais e é o berço do projeto mais complexo da ciência brasileira – Sirius – uma das fontes de luz síncrotron mais avançadas do mundo. O CNPEM reúne equipes multitemáticas altamente especializadas, infraestruturas laboratoriais globalmente competitivas e abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores em parceria com o setor produtivo e formação de investigadores e estudantes. O Centro é um ambiente impulsionado pela pesquisa de soluções com impacto nas áreas de Saúde, Energia e Materiais Renováveis, Agroambiental, Tecnologias Quânticas. A partir de 2022, com o apoio do Ministério da Educação (MEC), o CNPEM expandiu suas atividades com a abertura da Ilum Escola de Ciência. O curso superior interdisciplinar em Ciência, Tecnologia e Inovação adota propostas inovadoras com o objetivo de oferecer formação de excelência, gratuita, em período integral e com imersão no ambiente de pesquisa do CNPEM. Por meio da Plataforma CNPEM 360 é possível explorar, de forma virtual e imersiva, os principais ambientes e atividades do Centro, visite: https://pages.cnpem.br/cnpem360/.
Sobre o Sirius
O Sirius, nova fonte de luz síncrotron brasileira, é a maior e mais complexa infraestrutura científica já construída no País. O equipamento de grande porte usa aceleradores de partículas para produzir um tipo especial de luz, chamada luz síncrotron. Essa luz é utilizada para investigar a composição e a estrutura da matéria em suas mais variadas formas, com aplicações em praticamente todas as áreas do conhecimento. Sirius é uma infraestrutura aberta, à disposição da comunidade científica brasileira e internacional, desenvolvida no CNPEM. O Sirius é financiado com recursos do MCTI e projetado por pesquisadores e engenheiros do CNPEM, em parceria com a indústria nacional.
Sobre a Equinor
A Equinor é uma empresa global de energia sediada na Noruega. É uma das maiores operadoras offshore do mundo, com atuação crescente em energias renováveis. Atua no Brasil desde 2001 com portfólio diversificado e robusto, que inclui ativos em óleo e gás, como Peregrino, Bacalhau e BM-C-33, além de ativos em energia solar: o Complexo Solar de Apodi, primeira planta solar do portfólio global da empresa e que está em operação desde 2018, no Ceará, e o projeto Mendubim, usina solar em construção no Rio Grande do Norte.
Sobre o Cepetro
Atuando como o gestor da parceria na Unicamp, o Centro de Estudos de Energia e Petróleo foi fundado, na Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, em 1987. A sólida formação em ciências básicas e a experiência em parcerias com a indústria fizeram do Cepetro uma instituição de excelência em pesquisa e ensino no setor de óleo e gás e, mais recentemente, em energia de forma mais ampla. O Cepetro se destaca como um dos maiores Centros de Pesquisa em Energia do país, com excelente estrutura física e laboratorial, interna e nos laboratórios associados, corpo técnico-científico qualificado em diversas áreas do conhecimento e parcerias com diversas empresas de energia no país e instituições de ensino e pesquisa no país e no exterior.