Portal MCTI em 20/05/2016
Há 20 anos, uma equipe de físicos, engenheiros e pesquisadores brasileiros acompanhava a primeira volta de elétrons no acelerador construído para ser a primeira fonte de luz síncrotron do país. A ousadia colocou o Brasil na era da Big Science.
A fonte de luz síncroton pode ser comparada a um grande microscópio para análise de diferentes materiais, como metais e células humanas. Até hoje, o acelerador do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), é o único da América Latina. Sua construção, entre 1987 e 1997, é fruto da ousadia de uma equipe de cientistas, que enfrentou desafios técnicos e econômicos para realizar um projeto pioneiro. Vinte anos depois, o LNLS está perto de concluir outro megaprojeto, o Sirius, que vai colocar o Brasil na liderança mundial de luz síncrotron de quarta geração.
“É muito empolgante observar que, em um intervalo de apenas 20 anos, o Brasil saiu de uma situação em que estávamos iniciando as primeiras atividades na geração da luz síncrotron – após sair em 1987 da estaca zero na área de tecnologia de luz síncrotron quando o projeto de construção do LNLS teve início – para hoje termos um projeto que é liderança mundial nesta área. Podemos então dizer que o Brasil saiu da estaca zero e estará no estado da arte mundial na tecnologia de luz síncrotron”, disse o diretor do LNLS e coordenador do projeto, Antonio Roque.
Segundo ele, a construção do acelerador permitiu uma série de conquistas para a comunidade científica, como a formação de pesquisadores capazes de utilizar uma ferramenta tão sofisticada como a luz síncrotron e a ampliação das estações experimentais, chamadas de linhas de luz, que passaram de sete para 18.
“Consideramos também uma grande conquista o fato de estarmos até hoje operando a nossa fonte de luz com alta qualidade e alto índice de confiabilidade para os nossos usuários-pesquisadores, e de recebermos muitas pesquisas que estão na fronteira do conhecimento. Podemos dizer que o coroamento dessas conquistas será o Sirius, que está sendo construído com tecnologia 100% nacional, e que será um dos síncrotrons de maior brilho no mundo, sendo um dos primeiros da chamada 4ª geração”, afirmou.
Comemorações
Para comemorar os 20 anos da primeira volta de elétrons em sua fonte de luz síncrotron, o LNLS realizará o evento “Ciência Aberta”, neste sábado (21), no campus do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP). Gratuito e aberto ao público, o evento inclui visitas guiadas às instalações do LNLS, incluindo o Sirius.
“Os visitantes poderão conhecer mais sobre o Sirius durante a visita que iremos realizar. Neste tour, o público poderá conhecer instalações do LNLS onde estão sendo feitos os projetos, medições de componentes, como os imãs do acelerador, ensaios mecânicos e do piso onde será instalado o acelerador. Eles poderão também verificar o andamento das obras por nossas filmagens áreas feitas com drone”, explicou o pesquisador.
A programação prevê duas opções de roteiro: um tour expresso, com 15 minutos de duração, e uma rota estendida, com visitação aos prédios de apoio e de controle. Ao final das visitas, os participantes poderão observar, em microscópios, materiais do cotidiano, como cristais de açúcar, sal, areia, insetos, fios de cabelo, ovos de peixe, micro-organismos presentes na água, entre outros. O objetivo é contribuir para a popularização e a difusão do conhecimento científico da população.
“O LNLS está abrindo as suas portas para que as pessoas entendam e valorizem o tipo de pesquisa que é feita aqui e a importância desses estudos para a busca de soluções de problemas da sociedade. Queremos também despertar, tanto em crianças como em adultos, o espírito questionador próprio do cientista, e ao mesmo tempo desmistificar a figura do pesquisador inacessível.”