Agenda contemplou visita à área que receberá o novo complexo de laboratório para pesquisas avançadas em patógenos, que prevê instalações de máxima contenção biológica (NB4) inéditas na América Latina, e as primeiras do mundo conectadas a uma fonte de luz síncrotron, o Sirius.
No mês de agosto deste ano, uma delegação liderada pelo Dr. Peter Kilmarx, Diretor Adjunto do Fogarty International Center dos Institutos Nacionais da Saúde (National Institutes of Health/NIH) dos Estados Unidos (EUA) visitou o Centro Nacional de Pesquisas em Energias e Materiais (CNPEM). A visita foi voltada para a exploração de futuras parcerias no âmbito do projeto Orion – complexo de laboratório para pesquisas avançadas em patógenos, que prevê instalações de máxima contenção biológica (NB4) inéditas na América Latina, e as primeiras do mundo conectadas a uma fonte de luz síncrotron, o Sirius.
Na oportunidade, Peter Kilmarx avaliou que a consolidação do Orion será um marco nos estudos dos agentes que causam doenças infecciosas, o que posicionará o Brasil como líder nesse tipo de pesquisa. “Penso que o Brasil será realmente um líder em termos de investigar e desenvolver soluções para um amplo espectro de ameaças à saúde”, salientou. Sobre a conexão com o Sirius, ele destacou como o ineditismo da conexão de um NB4 a uma fonte de luz síncrotron pode contribuir para o avanço das pesquisas em agentes patogênicos. “Será uma oportunidade única para examinar a estrutura microscópica detalhada desses patógenos. Ter esse nível de capacidade aqui no Brasil, algo inédito no mundo, é fundamental diante dos inúmeros desafios de saúde, como os vírus emergentes e as doenças infecciosas. É extremamente importante contar com essa infraestrutura. Estou pensando nas outras divisões do NIH que precisam conhecer esse projeto e contribuir para o fortalecimento dessas colaborações”, finalizou.
Antonio José Roque da Silva, Diretor-Geral do CNPEM, ressaltou que firmar parcerias com instituições experientes nas áreas de atuação do Orion, é um dos pilares no desenvolvimento do projeto, cuja premissa, desde o início, tem sido o diálogo entre diferentes atores. “O Orion é uma estrutura estratégica não só para a pesquisa e o desenvolvimento nacional, mas para o fortalecimento de competências globais, que são centrais para respondermos de forma mais rápida e eficaz a desafios da área de saúde pública e patógenos. O NIH reconhece a relevância do Projeto do Orion e, com isso, temos a oportunidade de colaborar e aprender com a experiência de uma das principais agências públicas em saúde do mundo”, destacou.
Dr. Kilmarx liderou a posição do governo dos EUA na resposta ao surto de Ebola em 2014-15 na África Ocidental. O Ebola é o vírus mais conhecido da classe 4 de risco biológico. Desta mesma classe enquadram-se outros vírus, como o Sabiá – que foi identificado no Brasil e é responsável por causar uma grave febre hemorrágica brasileira, dentre outros arenavírus que circulam na América Latina, como o Junin, Guanarito e Machupo. O nível 4 de biossegurança fornece condições de pesquisa para os agentes patogênicos pertencentes à classe 4, e será construído no térreo do prédio Orion, com extensão em outros andares das medidas de biossegurança obrigatórias a este nível.
Delegação
A delegação que visitou as instalações do CNPEM, também foi composta pelo Diretor Regional para o hemisfério ocidental do (Fogarty/NIH) Kevin Bialy, pelo oficial para assuntos de Meio Ambiente, Ciências, Tecnologia e Saúde, Darryl Turner, pelo assessor de assuntos científicos da embaixada dos EUA, Alessandro Shimabukuro, e pela Especialista em Saúde Pública do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS/Brasil), Dailani Carrijo.
NIH
O Centro Internacional Fogarty integra os NIH – maior financiador público mundial de pesquisa biomédica -, e está empenhado na saúde global, apoiando e facilitando pesquisas globais em saúde, preparando a próxima geração de cientistas para responder às crises sanitárias futuras e atuais. Já o NIH é parte do Departamento de Saúde e Serviços Humanos do governo dos EUA, ou em inglês, U.S. Department of Health and Human Services (HHS).
Projeto Orion
O projeto Orion será um complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos, que compreenderá instalações de máxima contenção biológica (NB4) inéditas na América Latina, sendo as primeiras do mundo conectadas a uma fonte de luz sincrotron, o Sirius. Em construção na cidade de Campinas-SP, no campus do CNPEM, o Projeto reunirá técnicas analíticas e competências avançadas de bioimagens, que serão abertas a comunidade científica e órgãos públicos. Ao possibilitar o avanço do conhecimento sobre patógenos e doenças correlatas, o Orion subsidiará ações de vigilância e política em saúde, assim como o desenvolvimento de métodos de diagnóstico, vacinas, tratamentos e estratégias epidemiológicas. Instrumento de apoio à soberania nacional no enfrentamento de crises sanitárias, o Orion tem o potencial de beneficiar diversas áreas, como saúde, ciência e tecnologia, defesa e meio ambiente.
A execução do projeto Orion é de responsabilidade do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), uma organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O Projeto integra o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, é financiado com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) do MCTI e apoiado pelo Ministério da Saúde (MS). A iniciativa faz parte da Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial do Governo Federal, atuando como um instrumento de soberania, competência e segurança nacional nos campos científico e tecnológico para pesquisa, defesa, saúde humana, animal e ambiental. A concepção do Orion deve ainda fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), iniciativa coordenada pelo MS, voltada ao atendimento de demandas prioritárias do Sistema Único de Saúde (SUS).
Sobre o CNPEM
O CNPEM compõe um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de CT&I. Organização Social supervisionada pelo MCTI, o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no País, o CNPEM hoje desenvolve o projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. Equipes altamente especializadas em ciência e engenharia, infraestruturas sofisticadas abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores com o setor produtivo e formação de pesquisadores e estudantes compõem os pilares da atuação deste centro único no País, capaz de atuar como ponte entre conhecimento e inovação.