21/08/2010, Correio Popular
O cineasta Cláudio Torres brincou com o título de seu filme O Homem do Futuro, que está sendo rodado na Região Metropolitana de Campinas (RMC) até 5 de setembro, para reforçar a importância do edital recebido pelo Polo Cinematográfico de Paulínia. ?Sem o edital não faríamos o filme agora, só num futuro ainda incerto?, disse o diretor, anteontem, em entrevista coletiva. E antes de apresentar seu protagonista Wagner Moura — o tal homem do título, que vive par romântico com Alinne Moraes — o diretor pediu para que os repórteres fossem breves e diretos, pois o ator estava sem almoço (por volta das 15h).
No entanto, Wagner, também descontraído, disse que não haveria problema, pois comeria um sanduíche depois. Alguém pergunta sobre o processo de sair de um personagem de um filme violento (Tropa de Elite 2, que será lançado em 8 de outubro) e, imediatamente, começar outro. ?O barato está na possibilidade de mudar os estilos, fazer comédia, depois drama; mais estou feliz por fazer um filme completamente diferente do que está sendo realizado no Brasil atualmente?.
Ele disse que ficou impressionado por ter filmado no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pois seu personagem é um físico que necessita de acelerador de partículas para criar máquina que o faça viajar no tempo, ao passado. Wagner conta que faz o mesmo personagem em três épocas: na atual, no passado (20 anos mais jovem) e no futuro, quando fica rico e se transforma num sujeito abominável. Para exemplificar a vilania do personagem no papel de novo rico, Cláudio Torres conta que ele vai comprar uma mansão cuja entrada exibirá colunas gregas — que foram filmadas na fachada do Theatro Municipal de Paulínia.
Como fez nos três filmes anteriores — Redentor (2004), A Mulher do Meu Amigo (2008) e A Mulher Invisível (2008) —, Cláudio Torres aposta novamente na comédia romântica (ele também é o roteirista). E assume fazer aquilo que o público gosta de ver. ?É o gênero mais visto no mundo e, apesar do preconceito da crítica e das academias, que são hostis a esse tipo de filme, as pessoas precisam rir?.
Comédia, segundo ele, não ganha Oscar nem festivais. Assim, ele nem pensa em colocar o filme nesse tipo de evento. Nem no de Paulínia, pois não haveria tempo, uma vez que o filme deverá ficar pronto somente em agosto. ?Meus filmes não são para competir em festivais?, assume. Wagner garante que adora fazer comédias, que é muito mais difícil, porque é necessário buscar o tom e o tempo adequados. Também diz que fez várias comédias, especialmente no cinema, como Deus É Brasileiro (Cacá Diegues, 2003) e Ó Paí, Ó (Monique Gardenberg, 2007). De acordo com o ator, o espírito da comédia também está presente no próprio set. ?É um set muito divertido e o Cláudio é um sujeito muito gentil?, se desmancha em elogio. O ator também fala da importância do Polo de Paulínia. Em tão pouco tempo, diz ele, o polo se tornou referência, e elogia a estrutura, a possibilidade de formação de mão de obra, a geração de emprego. ?Além do Projac (os estúdio da TV Globo) não há nada parecido no Brasil?. Assim como tem ocorrido com outras produções, há obrigatoriedade, segundo o edital, de que 40% dos filmes sejam rodados na região de Campinas. O Homem do Futuro terá 80% das cenas feitas na região.
O restante será no Rio, uma vez que a história se passa na capital fluminense. Boa parte das filmagens está sendo feita em locação, mas há também estúdios. Amanhã, por exemplo, haverá festa à fantasia dentro de um dos estúdios do polo, e a produção está abrindo para os interessados em fazerem figuração e que estejam na faixa entre 18 e 25 anos. Para isso, basta entrar em contato com a produção, por meio de Arthur (fone: 19-3874-4863), em Paulínia.
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