ABRAS, em 20/05/2013
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou uma normativa que libera o cultivo de laranjeiras transgênicas em campo para pesquisas. A proposta foi elaborada em consenso pelas nove entidades de pesquisa da fruta e abre caminho para a criação, no País, de variedades geneticamente modificadas que produzam laranjas resistentes às principais pragas da cultura, como o greening e o cancro cítrico, ou ainda tolerantes à seca.
A proposta é considerada um marco para a citricultura do Brasil, maior produtor mundial da fruta, com metade da oferta mundial e maior exportador de suco, com 80% do comércio da bebida no planeta. A cadeia movimenta US$ 6,5 bilhões no País por ano e quase US$ 300 milhões desse total são com defensivos para o controle de pragas, de acordo com levantamento do Centro de Pesquisa e Projeto em Marketing e Estratégia (Markestrat), valor que pode ser reduzido com as variedades transgênicas.
Com a medida, as instituições de pesquisa poderão apresentar à CTNBio os processos completos para desenvolvimento de variedades transgênicas dessas plantas. Até então, as pesquisas com laranjas geneticamente modificadas praticamente terminavam nas casas de vegetação, cujo cultivo das mudas é feito em vasos e o ambiente é fechado para impedir a “contaminação” da planta transgênica com outros ambientes.
Agora, os testes poderão ser feitos por meio do plantio de pomares, inclusive com a permissão do florescimento e o crescimento do fruto, o que antes não era liberado. Segundo Nelson Wulff, pesquisador do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) – uma das entidades que elaborou a proposta à CTNBio – o florescimento da planta transgênica era a principal preocupação do órgão federal para a liberação cultivo em campo dessas plantas. A CTNBio temia que o pólen das laranjeiras transgênicas fosse carregado pelas abelhas e levado para plantas de outras espécies, ou mesmo para outras plantas cítricas não transgênicas
Para barrar o avanço do pólen transgênico para outras laranjeiras, a proposta buscou, no Instituto Valenciano da Espanha o modelo de contenção, com o plantio de barreiras naturais no entorno dos pomares geneticamente modificados. De acordo com Wulff, as barreiras, chamadas de bordaduras, são formadas por variedades de citros que impedem a saída dos insetos polinizadores, principalmente pelo fato de o néctar dessas flores serem mais “atraentes” que as da laranja.
Também participaram da proposta o Centro de Citricultura “Sylvio Moreira”, Cena-USP, Embrapa, Esalq-USP, Iapar, Instituto Biológico de São Paulo, LNBio e Uesc.
Veículo: DCI
Repercussão: JalesNet,