Assessoria de Comunicação, em 15/06/2012
Obra reúne resultados de dois anos de estudos sobre temas ligados à área estratégica para conferência das Nações Unidas
O Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) e o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) lançaram na última segunda-feira (11/6) o livro “Sustainability of Sugarcane Bioenergy” (Sustentabilidade da Bioenergia da Cana-de-açúcar, na tradução para o português). O lançamento ocorreu durante a semana de eventos preparatórios para a Rio+20 organizada pelo CGEE na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no Rio e contou com apresentações de diversos autores da obra.
A publicação é resultado de dois anos de estudos (2008-2009), realizados no âmbito do Global Bioenergy Partnership (GBEP) e coordenados pelo CGEE, que teve como parceiros o CTBE, o Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Universidade Estadual de Campinas (NIPE/Unicamp) e outras instituições. Dezessete capítulos abordam temas ligados à cadeia produtiva da bioenergia da cana-de-açúcar, uso da terra e sistemas integrados de produção, indicadores e certificações de sustentabilidades e, análise de ciclo de vida e balanços de energia e de gases de efeito estufa (GEE).
Dentre os destaques da obra está um estudo coordenado por Luiz Augusto Horta Nogueira, da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) que analisou as vantagens para a sustentabilidade da cadeia produtiva da cana ao se utilizar biocombustíveis no lugar de diesel nos processos agrícolas e de transporte da biomassa. De acordo com Nogueira, cerca de 40% do total de energia fóssil utilizada na produção de etanol é consumida no campo. Se o diesel for substituído por biocombustíveis é possível mitigar 60% dos GEE gerados no processo. Além disso, se as máquinas agrícolas e caminhões rodassem com 100% biodiesel proveniente de óleo de palma, cada unidade equivalente de energia fóssil consumida durante a produção de etanol geraria 15 unidades de energia renovável. Hoje essa proporção é de um para nove. No caso do etanol de milho norte americano não passa de um para 1,3.
O pesquisador do CTBE e da Unicamp, Paulo Graziano, avaliou aspectos relacionados à engenharia das máquinas agrícolas utilizadas no cultivo de cana e o modo como isso impacta a sustentabilidade do setor. As colheitadeiras e implementos utilizados atualmente nos canaviais foram criados na Austrália na década de 1950, a partir de adaptações de maquinários empregados em culturas de cereais. Um dos resultados disso é certa ineficiência que leva a perdas de cerca de 10% de biomassa durante a colheita da cana.
Graziano contou que o CTBE está desenvolvendo um novo conceito da máquina para a cultura de cana-de-açúcar. Em parceria com o BNDES e a Jacto Máquinas Agrícolas S.A., o Laboratório desenvolve uma Estrutura de Tráfego Controlado (ETC). O novo equipamento reduzirá as perdas de material durante a colheita, assim como a compactação do solo, o que contribuirá para a preservação dos nutrientes da terra e a diminuição dos riscos de erosão. O projeto está em fase de testes de protótipos de implementos.
Já o estudo liderado por Luís Augusto Barbosa Cortez, da Unicamp, mostra que é possível intercalar áreas de pastagens subutilizadas pela pecuária com a produção de cana, de forma a melhorar o manejo do gado e o balanço econômico da atividade. Outro trabalho, coordenado por Andrés da Silva, da EACEA, trata sobre o aproveitamento de resíduos da cadeia produtiva da bioenergia de cana, como torta de filtro e CO2 gerado nas dornas de fermentação de etanol, para o crescimento de mudas de árvores para reflorestamento ou hortaliças em estufas localizadas em áreas vizinhas às usinas. Além de ampliar receitas e propiciar um crescimento mais acelerado dessas plantas, tal ambiente de trabalho mais ameno que o canavial permite a ampliação da força de trabalho composta por mulheres e pessoas com deficiência física no setor sucroenergético.
A versão eletrônica da obra está disponível no site do CGEE.