Planta Piloto do Laboratório operou, pela primeira vez, durante sete meses ininterruptos para escalonar processo biotecnológico.
A Planta Piloto para Desenvolvimento de Processos (PPDP) do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) era aguardada com muita expectativa pelo setor de bioenergia brasileiro desde o anúncio de criação do Laboratório, em 2008. Isso se deve ao fato dela possibilitar que empresas e institutos de pesquisa testem processos, em escala semi-industrial, na área de etanol de 1a e 2a geração e de outros produtos provenientes da biomassa.
Em 2013, a PPDP enfrentou o seu primeiro grande teste funcional. Um projeto de validação de processo biotecnológico em escala piloto foi realizado em parceria com uma grande empresa do setor químico e fez com que a Planta operasse, pela primeira vez, 24 horas por dia, sete dias por semana durante sete meses. Esse feito demonstrou que a instalação foi comissionada de forma adequada e está pronta para validar novas tecnologias em escala superior à laboratorial, dentro de um ambiente que reproduz condições industriais.
O projeto compreendeu a prova de conceito da tecnologia de produção de um bloco químico obtido por meio da fermentação dos açúcares oriundos da cana-de-açúcar. A empresa parceira contou com o CTBE para avaliar se é possível obter bons resultados econômicos no cenário industrial brasileiro. Para isso, as “facilities” de pré-tratamento e de fermentação da PPDP foram utilizadas pela equipe do projeto entre janeiro e agosto do ano passado. Os critérios de avaliação do processo foram a eficiência de consumo de açúcar pelo microrganismo, o rendimento do produto desejado e a produtividade.
O sucesso na execução dessa prova de conceito mostra à direção do CTBE e ao setor produtivo que a PPDP está pronta para rodar grandes projetos de escalonamento de tecnologias. Ao mesmo tempo, expôs gargalos significativos, como os ligados às utilidades. “Nós verificamos que o nível de pureza das utilidades impacta na vida útil dos equipamentos, mas conseguimos acertar esses problemas sem afetar o regime de produção. Além disto, o suporte técnico no campus em três turnos diários foi outro ponto complexo no campus para o qual tivemos que buscar solução”, explica a pesquisadora do CTBE Sindélia Freitas Azzoni.
A parceria de R$ 3 milhões com o setor privado, pagos integralmente pela empresa parceira, trouxe muita expertise para os novos projetos de escalonamento e validação de novas tecnologias a serem rodados na Planta Piloto do CTBE em 2014. Muitos destes fazem parte do Plano Conjunto BNDES-Finep de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico (PAISS). “A experiência que tivemos foi repassada aos coordenadores dos demais projetos da PPDP para garantir que todos os fatores críticos de infraestrutura fossem antecipados e contemplados no planejamento das atividades”, informa Azzoni.
A pesquisadora também salienta a evolução dos pesquisadores do CTBE em temas relevantes ao escalonamento de processos, principalmente no que se refere à produção de etanol a partir do bagaço e palha da cana. “Os desafios continuam os mesmos de quando começamos a estudar esses processos há alguns anos. A grande diferença hoje é que percebemos que a solução não passa por otimizar etapas isoladas, temos que olhar para o processo de forma integrada”, finaliza a pesquisadora.
A Planta Piloto do CTBE possui seis módulos independentes. São eles: tratamento físico do bagaço de cana; tratamento físico-químico do bagaço de cana; bioprocessos para a produção de microorganismos e metabólitos; hidrólise enzimática do material lignocelulósico; separação e purificação; fermentação alcoólica. Instituições de pesquisa podem submeter propostas de trabalhos a serem realizados na PPDP, via Portal de Usuários.