Cinco colaboradores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), iniciarão em outubro atividades no CERN, em Genebra (Suíça), com duração prevista de um a dois anos. A viagem integra o programa de capacitação previsto no acordo de cooperação firmado em 2020 entre as duas instituições, voltado ao desenvolvimento conjunto de tecnologias aplicadas a aceleradores de partículas, ímãs e materiais supercondutores.

A equipe é composta por Pedro Paulo de Souza Freitas, Alan Abdalad Vianna, Daniel Salomão Doretto, Gabriel de Gois Saretti e Roberto Ferreira de Oliveira, que se distribuirão em diferentes frentes de trabalho no âmbito do High Luminosity LHC (HiLumi LHC) e do Future Circular Collider (FCC-ee).
Áreas de Atuação
Nos primeiros meses de trabalho, Pedro Paulo atuará na produção de monitores de perda de feixe (Beam Loss Monitor Ionization) e, nos meses seguintes, dará suporte ao grupo de instrumentação em projetos mecânicos de novos dispositivos ligados ao upgrade do HL-LHC. Alan Vianna também integrará a área de tecnologia do CERN, trabalhando no “desenvolvimento de filmes finos de carbono para reduzir a emissão de elétrons secundários em câmaras de vácuo e na criação de um sistema móvel para deposição in situ em câmaras que já estão instaladas e não podem ser removidas”, ressaltando a oportunidade de crescimento em um ambiente multidisciplinar e inovador.
Na linha de materiais, Daniel Salomão Doretto focará na melhoria e implementação de processos de deposição e polimento eletroquímico aplicados a componentes como as Superconducting-Radio Frequency (SC-RF) cavities e drift tubes. Já Gabriel de Gois Saretti trabalhará em simulações de ray-tracing no Synrad+ e no uso do Molflow, ferramentas fundamentais para otimizar a interceptação da radiação síncrotron e prever perfis de pressão nos sistemas do FCC-ee, com o objetivo de assegurar um condicionamento de vácuo eficiente e atender às exigências de desempenho. Roberto Ferreira de Oliveira, por sua vez, participará das atividades de instalação, comissionamento e operação do sistema de vácuo de isolamento do Inner Triplet (IT), etapa essencial para garantir condições de ultra-alto vácuo na integração e validação inicial do HL-LHC.
Segundo James Citadini, diretor adjunto de Tecnologia do CNPEM, a presença da equipe no CERN representa uma estratégia relevante para consolidar a participação do Brasil em grandes projetos de engenharia e tecnologia de escala global. Ele destaca que o CNPEM se beneficia diretamente dessa troca de experiências, que gera aprendizados técnicos, amplia a rede de colaboração internacional e fortalece a capacidade de formar equipes preparadas para enfrentar desafios complexos e multidisciplinares. “O conhecimento adquirido será incorporado a projetos internos, como o Sirius e futuros aceleradores, além de aproximar o desenvolvimento tecnológico da indústria nacional, favorecendo um ciclo consistente de inovação e avanço tecnológico”, afirma.

imagem: Divulgação CERN
Em março de 2024, o Brasil tornou-se o primeiro Estado-Membro Associado do CERN nas Américas, um marco que fortalece a cooperação científica internacional e abre novas perspectivas de negócios para a indústria nacional. O novo status permite que pesquisadores brasileiros ampliem sua participação em programas do CERN, que empresas brasileiras disputem licitações para o fornecimento de serviços e materiais, e que representantes do país tenham assento no Conselho e no Comitê de Finanças da instituição.
Como parte das ações decorrentes dessa adesão, o CNPEM sediou em novembro de 2024, um evento em parceria com o MCTI que apresentou oportunidades de colaboração entre empresas brasileiras e o CERN. A iniciativa integrou as atribuições do Industrial Liaison Officer (ILO), Rafael Navarro, e reuniu representantes do MCTI, do setor produtivo e associações ligadas à inovação, além de equipes do CERN e do CNPEM. Com o direito de participar de licitações do CERN, a indústria brasileira tem a oportunidade de expandir sua presença em um dos mais relevantes ambientes científicos do mundo, com o suporte técnico e organizacional de equipes do MCTI e do CNPEM.
Segundo Navarro, a viagem dos engenheiros do CNPEM à Suiça representam “um exemplo da nossa riqueza de talentos e mais um movimento importante no sentido de fortalecer, ainda mais, as relações entre nosso País e o CERN, adicionalmente às iniciativas de dar visibilidade do acordo para a indústria, que pode ser fornecedora, e para os profissionais brasileiros que podem ser contratados pelo CERN.”
Atualmente, cerca de 200 cientistas, engenheiros e estudantes brasileiros colaboram em experimentos do LHC e em áreas como processamento de dados, instrumentação e análise física. Além disso, o CNPEM e o CERN mantêm cooperação formal em projetos de P&D relacionados a tecnologias de aceleradores e suas aplicações.
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) abriga um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de CT&I. Organização Social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no País. O CNPEM hoje desenvolve o projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. Equipes altamente especializadas em ciência e engenharia, infraestruturas sofisticadas abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores com o setor produtivo e formação de pesquisadores e estudantes compõem os pilares da atuação deste centro único no País, capaz de atuar como ponte entre conhecimento e inovação. As atividades de pesquisa e desenvolvimento do CNPEM são realizadas por seus Laboratórios Nacionais de: Luz Síncrotron (LNLS), Biociências (LNBio), Nanotecnologia (LNNano) e Biorrenováveis (LNBR), além de sua unidade de Tecnologia (DAT) e da Ilum Escola de Ciência, curso de bacharelado em Ciência e Tecnologia, com apoio do Ministério da Educação (MEC).Sobre o CNPEM






