Evento teve apresentação do Projeto Orion, pesquisador do CNPEM premiado e anúncio da nova diretoria da Sociedade Brasileira de Virologia, que contará com representante do Centro
O Centro Nacional de Pesquisa em Energias e Materiais (CNPEM) participou do 35º Congresso Brasileiro de Virologia (CBV) e 19º Encontro de Virologia do Mercosul, em Foz do Iguaçu, no Paraná, entre 2 e 5 de outubro. O projeto Orion foi um dos principais destaques nas conversas com os visitantes do estande do CNPEM, despertando grande interesse ao longo do evento. Os participantes, a maior deles virologistas, representam uma parcela importante da comunidade acadêmica que deve utilizar as instalações do Orion. O Projeto será um complexo laboratorial que prevê instalações de máxima contenção biológica (NB4) inéditas na América Latina, e as primeiras do mundo conectadas a uma fonte de luz síncrotron, o Sirius.
O Programa de Treinamento & Capacitação para atuação em laboratórios de alta e máxima biossegurança, que já ocorre antes mesmo da consolidação do prédio do Orion, também suscitou interesse significativo dos participantes do Congresso.
Voltado à formação de recursos humanos em competências ainda pouco desenvolvidas no Brasil e nos demais países da América Latina, essa frente de ação visa apoiar a formação de potenciais futuros usuários do Orion e aprimorar a capacitação de equipes que já atuam em pesquisas e desenvolvimentos com patógenos.
O Programa inclui atividades teóricas e sessões práticas, realizadas em um laboratório de treinamento, espaço mock-up – uma cópia fiel das instalações reais de um laboratório de máxima contenção biológica (NB4) – já disponível no campus do CNPEM. Neste espaço de simulação, pesquisadores em treinamento podem exercitar protocolos de segurança, sem a manipulação de materiais infecciosos ou risco de contágio, sob a supervisão de profissionais dedicados a conduzir avaliações individuais sobre protocolos de biossegurança.
Premiação
O pesquisador do CNPEM Paulo Boratto foi premiado em melhor apresentação oral na categoria “Interações vírus-hospedeiro e imunologia” por seu estudo sobre a reação das células da ameba Acanthamoeba à infecção pelo tupanvírus (TPV). O objetivo do trabalho é entender melhor se e como essas células se comunicam durante a infecção viral. Os estudos com amebas podem ajudar a elucidaras origens evolutivas de estratégias de defesa em células eucarióticas.
Os resultados iniciais indicam que as amebas que entram em contato com substâncias liberadas por células já infectadas desenvolvem maior proteção contra o TPV. A proteção, segundo o estudo, deve estar relacionada ao aumento da formação de cistos, uma forma de defesa das amebas.
A Acanthamoeba é um tipo de ameba que pode causar infecções em humanos, embora muitas espécies vivam de forma livre na natureza sem causar doenças. Ela também é amplamente utilizada em pesquisas para entender interações biológicas. Já o tupanvírus é um tipo de vírus gigante descoberto no Brasil, que infecta amebas como a Acanthamoeba. Ele recebeu esse nome em referência ao deus Tupã, da mitologia indígena tupi-guarani. Embora ele não seja conhecido por causar doenças em humanos, sua descoberta é importante para o estudo da evolução viral e das interações vírus-hospedeiro.
Nova diretoria
No encerramento do Congresso, foi realizada a assembleia geral da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV) onde houve o anúncio do resultado da eleição da nova Diretoria da SBV, que passará a contar com um representante do CNPEM, o pesquisador líder de Virologia, Rafael Elias Marques.
CBV
O CBV seguiu a tradição de promover discussões e intercâmbio entre pesquisadores nacionais e internacionais. Participaram ao todo nesta edição mais de 600 visitantes, entre graduandos, pós-graduandos, pós-doutorandos, entre outros profissionais. A próxima edição está prevista para conhecer em Belo Horizonte (MG).
SBV
A Sociedade Brasileira de Virologia uma entidade sem fins lucrativos que reúne profissionais e estudantes atuantes em diversas áreas da virologia no Brasil. Os objetivos da SBV incluem a disseminação de estudos, pesquisas e informações sobre a virologia, o estímulo à formação de recursos humanos na área, e a promoção de intercâmbio e colaboração nacional e internacional. Em setembro de 2023, a SBV publicou moção de apoio ao projeto Orion, descrevendo que a “implementação do Orion é uma parte estratégica fundamental para o desenvolvimento científico e tecnológico” do país, bem como enfatizando sua relevância “na promoção da Virologia Brasileira como referência científica em estudos relacionados a vírus emergentes na área da saúde pública, especificamente envolvendo vírus de classe de risco 3 e 4”, e que a “integração com o Sirius trará um elemento sem precedentes no cenário global para a pesquisa desses vírus que requerem instalações de contenção de alto nível, consolidando o Brasil como um contribuinte relevante na área da Virologia”.
Projeto Orion
O projeto Orion será um complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos, que compreenderá instalações de máxima contenção biológica (NB4) inéditas na América Latina, sendo as primeiras do mundo conectadas a uma fonte de luz sincrotron, o Sirius. Em construção na cidade de Campinas-SP, no campus do CNPEM, o Projeto reunirá técnicas analíticas e competências avançadas de bioimagens, que serão abertas a comunidade científica e órgãos públicos. Ao possibilitar o avanço do conhecimento sobre patógenos e doenças correlatas, o Orion subsidiará ações de vigilância e política em saúde, assim como o desenvolvimento de métodos de diagnóstico, vacinas, tratamentos e estratégias epidemiológicas. Instrumento de apoio à soberania nacional no enfrentamento de crises sanitárias, o Orion tem o potencial de beneficiar diversas áreas, como saúde, ciência e tecnologia, defesa e meio ambiente.
A execução do projeto Orion é de responsabilidade do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), uma organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O Projeto integra o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, é financiado com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) do MCTI e apoiado pelo Ministério da Saúde (MS). A iniciativa faz parte da Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial do Governo Federal, atuando como um instrumento de soberania, competência e segurança nacional nos campos científico e tecnológico para pesquisa, defesa, saúde humana, animal e ambiental. A concepção do Orion deve ainda fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), iniciativa coordenada pelo MS, voltada ao atendimento de demandas prioritárias do Sistema Único de Saúde (SUS).
Sobre o CNPEM
O CNPEM compõe um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de CT&I. Organização Social supervisionada pelo MCTI, o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no País, o CNPEM hoje desenvolve o projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. Equipes altamente especializadas em ciência e engenharia, infraestruturas sofisticadas abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores com o setor produtivo e formação de pesquisadores e estudantes compõem os pilares da atuação deste centro único no País, capaz de atuar como ponte entre conhecimento e inovação.