G1 em 08/12/2020
Pesquisadores em Campinas querem usar a arquitetura eficiente que o Sars-Cov-2 tem para atacar células humanas no desenvolvimento de uma nova nanopartícula sintética para aplicação de fármacos.
Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), de Campinas (SP), propõem imitar a estrutura do vírus da Covid-19, supereficiente na interação e replicação em células humanas, no desenvolvimento de uma nova nanopartícula sintética para aplicação de diversos tipos de medicamentos, como antivirais, antibióticos ou antitumorais.
As características estruturais do Sars-Cov-2 que poderiam ser utilizadas nesse trabalho de engenharia em laboratório foram descritas em artigo publicado na revista científica Nano Today.
O principal ponto passa pela glicoproteína S, chamada de spike, que são os “espinhos” na coroa do Sars-Cov-2 e que ele os usa para se conectar e entrar nas células hospedeiras. Há uma distribuição com geometria e simetria bem definidos, que podem aparecer ou se rearranjar quando o vírus precisa para aumentar os pontos de contato.
“O vírus, ele é dinâmico, esconde o spike e, quando chega perto do receptor, ele mostra. O vírus nos deu uma grande lição, dizendo que esse é o caminho. Esconder o princípio ativo e aparecer na hora que precisa. Hoje, basicamente estamos tentando desenvolver camuflagens para a nanopartícula mais efetivas, além de buscar essa responsividade do grupo direcionador, que seria a proteína S do vírus”, explica Mateus Borba Cardoso.