Visita é motivada pelos avanços do projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos
No último dia 25, uma comitiva que incluiu representante do Centro de Prevenção e Controle de Doenças, (em inglês Centers for Disease Control and Prevention, CDC), centro de pesquisa de ponta e referência internacional em biossegurança, visitou o campus do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). O grupo veio conhecer as atividades da instituição, assim como os detalhes do projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos que vem sendo desenvolvido pelo CNPEM em conjunto com outros atores. A infraestrutura, que prevê a construção de um laboratório de máxima segurança conectado ao acelerador de partículas Sirius, é planejada para atender diferentes desafios em saúde, e pode beneficiar diversas áreas, como ciência e tecnologia, defesa e meio ambiente.
Sobre a visita de uma das principais instituições de saúde do mundo, o Diretor-Geral do CNPEM, Antonio José Roque da Silva, comentou que “Estabelecer um primeiro diálogo e, quem sabe uma futura parceria, com o CDC beneficia não só o CNPEM, mas todo um sistema de vigilância e pesquisa em saúde do Brasil e da América do Sul. Dialogar com uma instituição que é referência em práticas que conectam ciência e saúde pública, como é o caso do CDC, é fundamental para discutirmos tendências de futuro e promovermos pesquisas e desenvolvimentos mundialmente competitivos e relevantes. Por outro lado, mostrar as capacidades do Brasil na fronteira do conhecimento, como é o caso do Sirius, também é importante para que essas colaborações internacionais rendam bons frutos e para que o Orion comece a ser reconhecido internacionalmente como um projeto singular, que será capaz de responder aos mais desafiadores problemas de saúde que a sociedade possa vir a enfrentar no futuro”, ressaltou.
Diretora Regional do CDC na América do Sul, Juliette Morgan observou que o risco iminente do surgimento de novas pandemias é essencial para a investigação de agentes patógenos. Para tanto, ela detalha que uma colaboração mútua é fundamental para se pensar no desenvolvimento de pesquisas e estratégias para enfrentar os desafios de saúde.
“A visita realmente mudou a minha impressão sobre essa entidade CNPEM. O que foi mais impressionante foi entender esse espírito de pesquisa de uma visão que mira o futuro, e como as capacidades podem dar progresso para a pesquisa no Brasil, com também para América do Sul e todo o globo. O mundo tem visto o impacto de uma pandemia como a Covid-19, e temos que reconhecer que as parcerias são fundamentais para estarmos preparados para as ameaças do futuro. Acredito que o laboratório, este grande projeto [Orion], vai ter um lugar muito importante para o Brasil e região. Há uma grande necessidade de fazer pesquisa nesta área com os patógenos, que tem potencial para ser a causa da próxima pandemia. É fundamental ter essa capacidade no Brasil e América do Sul, e nossa parceria será importante manter e expandir colaborações, bem como aprender o que está acontecendo no Brasil, colaborando mutualmente. Realmente estou muito impressionada, estou com muita vontade e interesse em começar uma relação; o início de uma colaboração e relação com o CNPEM no futuro”, projeta Morgan.
Confira no vídeo a entrevista concedida pela Diretora Regional do CDC na América do Sul, Juliette Morgan
Diretor do Departamento de Programas Temáticos da Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos (SEPPE) do MCTI, Leandro Pedron salienta a importância do Orion para o enfrentamento de crises sanitárias, e a importância de uma colaboração com o CDC, principal centro de pesquisa do mundo e a maior referência em laboratórios de máxima contenção biológica. “A decisão estratégica de apoiar a criação do primeiro laboratório NB4 na América Latina, referenda a importância que o MCTI tem dado na preparação do País para o enfrentamento de futuras pandemias e doenças infecciosas. O projeto Orion fortalecerá a resposta nacional à agentes infecciosos de alta periculosidade, garantindo uma abordagem proativa e eficaz na proteção da saúde pública. Neste campo, a colaboração internacional permite que pesquisadores compartilhem descobertas, técnicas e melhores práticas para lidar com agentes patogênicos perigosos, sendo assim e considerando toda a expertise do CDC no tema, entendemos que essa cooperação será fundamental para que o Orion possa compartilhar dos elevados padrões de biossegurança e regulamentações, de modo que no futuro, as duas instituições possam estabelecer protocolos conjuntos de pesquisa”, destaca Leandro Pedron.
A visita foi conduzida pelo Diretor-Geral do CNPEM, Antonio José Roque da Silva, e ainda pelos diretores Maria Augusta Arruda, do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), Rodrigo Capaz do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), Rodrigo Portugal, coordenador do Laboratório de Criomicroscopia Eletrônica do LNNano, pela especialista em biossegurança de alta contenção biológica do CNPEM, Tatiana Ometto, pelos pesquisadores Rafael Elias (Virologia) e Mateus Borba Cardoso (Departamento de Matéria Mole e Biológica, DMB) do Laboratório Nacional de Luz Síncroton (LNLS).
A comitiva foi composta pela Diretora Regional do CDC na América do Sul, Juliette Morgan, a Analista de Saúde Pública Dailani Carrijo do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (EUA) (Department of Health and Human Services, HHS), o Assessor para Assuntos de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Saúde do Consultado Geral dos EUA em São Paulo Renan Silva, e dois representes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) do Governo Federal: o Diretor do Departamento de Programas Temáticos (DEPTE) Leandro Pedron e o Coordenador Geral de Ciências da Saúde, Biotecnológicas e Agrárias Thiago de Mello Moraes.
Arenavírus circulantes na América do Sul
A América do Sul enfrenta ameaças à saúde pública devido a diversos fatores, incluindo novas doenças transmissíveis. No Brasil e em outros países da região, circulam os arenavírus, como o vírus Sabiá (SABV), patógeno de classe 4 de risco biológico causador de febre hemorrágica grave, e outros circulantes na América do Sul, como Junín (causador da febre hemorrágica argentina), Guanarito (causador da febre hemorrágica venezuelana) e Machupo (causador da febre hemorrágica boliviana).
A existência desses agentes patógenos em circulação na América do Sul reforça a importância da implementação de uma infraestrutura que seja capaz de fornecer um ambiente seguro para investigação desses microrganismos, tal como o Orion.
Sobre o CDC
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças é uma instituição do governo dos EUA responsável pelo combate a doenças, e responde às ameaças à saúde mais urgentes dos EUA. O CDC está sediado em Atlanta, na Geórgia (EUA), e é o maior e mais importante centro de pesquisa do mundo, sendo a principal referência em laboratórios de máxima contenção biológica. O escritório do Centro na América do Sul foi inaugurado no ano de 2020, ocasião em que Juliette Morgan assumiu a diretoria regional do escritório na América do Sul.
Projeto Orion
O projeto Orion será um complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos, que compreenderá instalações de alta e máxima contenção biológica (NB4) inéditas na América Latina, as primeiras do mundo conectadas a um acelerador de partículas, o Sirius. Em construção na cidade de Campinas-SP, no campus do CNPEM, o Projeto reunirá técnicas analíticas e competências avançadas de bioimagens, que serão abertas a comunidade científica e órgãos públicos. Ao possibilitar o avanço do conhecimento sobre patógenos e doenças correlatas, o Orion subsidiará ações de vigilância e política em saúde, assim como o desenvolvimento de métodos de diagnóstico, vacinas, tratamentos e estratégias epidemiológicas. Instrumento de apoio à soberania nacional no enfrentamento de crises sanitárias, o Orion tem o potencial de beneficiar diversas áreas, como saúde, ciência e tecnologia, defesa e meio ambiente.
Sobre o CNPEM
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) compõe um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de CT&I. Organização Social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no País, O CNPEM hoje desenvolve o projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. Equipes altamente especializadas em ciência e engenharia, infraestruturas sofisticadas abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores com o setor produtivo e formação de pesquisadores e estudantes compõem os pilares da atuação deste centro único no País, capaz de atuar como ponte entre conhecimento e inovação. Responsável pela operação dos Laboratórios Nacionais de Luz Síncrotron (LNLS), Biociências (LNBio), Nanotecnologia (LNNano) e Biorrenováveis (LNBR), e também pela Ilum Escola de Ciência, curso de bacharelado em Ciência e Tecnologia, com apoio do Ministério da Educação (MEC).