Portal de Notícias G1 em 12/07/2011
Luna D’Alama
Do G1, em Goiânia (GO)
O ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, destacou durante palestra na manhã desta segunda-feira (11), na 63ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Goiânia, que o Brasil tem estimulado a produção científica, mas ainda falta patentear suas descobertas.
“É preciso sair dessa letargia, senão vai custar muito caro. Temos que criar uma cultura de patentes, porque, depois, alguém lá fora faz isso e nos cobra royalties”, disse. O estoque nacional, segundo ele, é de 300 mil pedidos, que levam até oito anos para serem concluídos.
Mercadante citou, ainda, que o Brasil é o país com o maior número de pesquisas sobre a árvore copaíba, mas os registros são feitos por outros.
“Além disso, exportamos cará para os EUA e importamos deles química fina e fármacos. Precisamos parar de fazer sopa e investir em produtos especializados. Não podemos nos acostumar a exportar só alimentos e commodities como minério de ferro e derivados de petróleo”, completou.
Em todo o mundo, segundo o ministro, dois terços das patentes são feitos por empresas, enquanto no Brasil dois terços são pelo Estado.
Os jovens e os já formados também necessitam de incentivo, de acordo com o ministro de C&T. “Precisamos ir atrás dos talentos e abrir as portas para quem quiser voltar. Tivemos uma diáspora intelectual, de pesquisadores que foram embora porque não tiveram alternativa. Estamos no centro da agenda mundial, com Copa do Mundo e Olimpíada pela frente, e temos que usar isso a nosso favor”, destacou.
Ele também mencionou a falta de engenheiros, de investimentos privados em inovação (como softwares, chips e semicondutores) e de equipamentos para a previsão de catástrofes naturais, além da concentração de cientistas no Sudeste. “Até pouco tempo, essa região detinha 85% dos cursos de mestrado e doutorado. O Norte inteiro ainda reúne menos doutores que a USP”, disse.
O ministro também propôs que o Brasil construa um centro de previsão e prevenção de acidentes climáticos. A Índia já está criando um, e a China e a Rússia estão aumentando os investimentos na área.
“Não adianta saber se vai chover ou não. É preciso antever se essa chuva vai causar desmoronamentos como os que atingiram a região serrana do Rio este ano”, afirmou. Mercadante disse que as mortes devem ser reduzidas ao máximo já no próximo verão. Ao todo, 25 municípios são mapeados.
Investimento privado
O Brasil caminha para ser a sétima economia do mundo e já é o 13º em produção científica. “Mas, em inovação, somo apenas o 47º”, apontou o ministro. Enquanto os EUA, no topo da lista, investem nessa área US$ 398 bilhões, ou 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil destina US$ 25 bilhões, ou 1,2% do PIB.
Além de ter universidades e institutos de pesquisa de classe mundial, o país demanda uma maior atuação do setor privado.
Software livre
Mercadante destacou, ainda, a importância de softwares livres e colaborativos para o progresso científico e tecnológico. “O Brasil precisa fabricar softwares, equipamentos e conteúdo, não pode apenas ficar importando. A produção de conhecimento também ocorre na web. Esses talentos devem ser apoiados e valorizados. É um erro criminalizar movimentos que nascem na internet, porque a cultura dela é a liberdade”, disse.
A ideia do governo é dialogar para abrir as informações. “Mais transparência trará mais acessos e mais cidadania”, acrescentou o ministro. Ele também falou que o Ministério da Educação (MEC) trabalha no desenvolvimento de uma lousa digital, e o próximo passo é estender a banda larga para 5 mil escolas urbanas e as da zona rural.