Portal MCTI, em 09/08/2012
O Centro Brasil-China de Pesquisa e Inovação em Nanotecnologia foi inaugurado simbolicamente nesta quarta-feira (8), no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Na audiência, os ministros Marco Antonio Raupp e Wan Gang também refinaram os consensos dos dois países em torno do Plano Decenal Brasil-China de Cooperação 2012-2021, no que diz respeito a linhas gerais e a cinco áreas específicas.
A sessão dá continuidade ao acordo assinado em junho, durante a conferência Rio+20, pela presidenta Dilma Rousseff e pelo primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, que elevou o nível de parceria das duas nações para “estratégica global”. Os dois mandatários ratificaram, então, que a ênfase ao plano está diretamente ligada à cooperação nos setores da ciência, tecnologia e inovação. Raupp participou da assinatura.
Além de reunir novas iniciativas conjuntas em diversos segmentos, as nações estabeleceram então a criação dos centros virtuais conjuntos Brasil-China de Satélites Meteorológicos e de Biotecnologia.
Demonstração
No encontro de hoje, Raupp disse que o tamanho da delegação brasileira mostra o interesse brasileiro no assunto. “Tivemos oportunidade de discutir duas vezes, na Alemanha e em Beijing, os pontos de vista sobre o plano decenal”, relatou. “Minha posição é simplesmente de criar condições objetivas de cumpri-lo, de que sejamos soldados agindo sob a coordenação dos dirigentes que assinaram.”
O titular do MCTI sugeriu, e Gang assentiu, que se trabalhe com base nos respectivos planos estratégicos de política de ciência e tecnologia (no caso brasileiro, a Encti) e que se aproveite a experiência adquirida em áreas e projetos já compartilhados. Ambos deram destaque ao projeto Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBers), que tem mais de duas décadas.
Os dois concordaram também quanto à intenção de inserir o setor empresarial na agenda conjunta dos países e estimular a inovação tecnológica e a elevação da competitividade na indústria. “O mundo está sofrendo crise econômica, especialmente os Estados Unidos e a Europa, por isso é muito importante cooperarmos olhando para o futuro, para enfrentar juntos os desafios e aproveitar as oportunidades”, disse o ministro da Ciência e Tecnologia da China.
O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI), José Raimundo Coelho, destacou que a experiência cooperativa na área remonta a 1986 e subiu progressivamente de graduação: de parceria sino-brasileira na ocasião da assinatura do termo de cooperação (1988) a parceria Sul-Sul, depois parceria estratégica Sul-Sul e, recentemente, parceria global Sul-Sul.
Raupp sugeriu que as iniciativas conjuntas para satélites meteorológicos busquem convergir com as dos CBers, de recursos terrestres. O histórico e as perspectivas do projeto foram abordados pelo presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI), Leonel Perondi.
Para o ministro chinês Wan Gang, o projeto representa um marco na cooperação Sul-Sul e é muito benéfico para outros países, que não têm satélites. Ele disse esperar que os avanços em torno da iniciativa sirvam a necessidades como o combate ao desmatamento e a produção agrícola, entre outros fins.
Nanotecnologia
Para 5 a 7 de setembro está marcada visita de nove pesquisadores à China para tratar de iniciativas em nanotecnologia. “A expectativa é que eles possam voltar com um portfólio de projetos dos quais possamos começar a estudar o financiamento”, comentou o ministro Raupp. O secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação substituto do MCTI, Adalberto Fazzio, parabenizou o governo chinês pelo avanço no tema. “Em poucos anos, passou a ser o país que mais publica na área e talvez o segundo em patentes”, disse, acrescentando que a inovação na área transpassa outras vertentes do plano decenal.
O diretor do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), Fernando Galembeck, citou temas que já têm ações em curso. Caberá a ele coordenar nacionalmente o Centro Brasil-China de Pesquisa e Inovação em Nanotecnologia. A placa de inauguração do novo centro será levada ao LNNano, em Campinas (SP), onde a instituição funcionará.
O secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social, Eliezer Pacheco, informou que se encontra em análise a entrada do Brasil na Rede Internacional para o Bambu e o Ratã. A China é o maior produtor mundial de bambu.
O presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI), Glauco Arbix, contou que o Brasil está realizando levantamento inspirado em documento patrocinado pelo governo chinês sobre tecnologias que o país deveria dominar até 2020. Também propôs a montagem de grupo de trabalho sobre parques tecnológicos. Complementando a ideia, o ministro Raupp sugeriu e ficou acertada a realização de um encontro em 2013 reunindo empresários para troca de experiências e aproximação para negócios. Wan Gang disse esperar, no futuro próximo, a formação de um parque industrial binacional. Segundo ele, essas estruturas respondem por metade das patentes e um terço dos novos produtos em seu país, e os parques de alcance nacional perfazem 12,8% do Produto Interno Bruto (PIB).
Ciência sem Fronteiras
Sobre o Centro Brasil-China de Biotecnologia, o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), Glaucius Oliva, avaliou que o momento é propício, em função das parcerias já estabelecidas entre empresas farmacêuticas. Ele informou ainda, quanto ao Programa Ciência sem Fronteiras, que a meta é ter pelo menos 5 mil bolsistas no país asiático, dentre os 101 mil previstos no total.
O secretário executivo do ministério, Luiz Antonio Elias, e o secretário de Política de Informática, Virgilio Almeida, também participaram da reunião. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil foi representado pelos embaixadores Benedicto Fonseca Filho e Francisco Mauro Brasil de Holanda. Pelo lado chinês também estava presente o embaixador no Brasil, Xu Jing, além de outros representantes do governo.
Texto: Pedro Biondi – Ascom do MCTI
Repercussão: FAPESB, Aduaneiras, STAHL no comércio exterior, Jornal da Ciência,