Por Carta Capital online em 19/10/2020
O presidente Jair Bolsonaro apresentou, nesta segunda-feira 19, resultados de estudos clínicos com nitazoxanida, um tipo de vermífugo, para tratamento precoce contra a Covid-19. A pesquisa começou no Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com a participação de 500 voluntários, entre eles, o ministro Marcos Pontes.
Segundo o governo federal, a pesquisa começou em abril com a análise de duas mil drogas por meio de inteligência artificial, que verificou o potencial de inibição dos efeitos do coronavírus.
Os pesquisadores teriam chegado a cinco drogas compatíveis com o tratamento. Em uma segunda fase, houve testes com células humanas infectadas. A nitazoxanida teria apresentado 94% de capacidade de inibir o novo vírus.
Os resultados são divulgados em meio a críticas de pesquisadores por falta de transparência nas pesquisas. Estudiosos da Universidade de São Paulo (USP) apontam ausência de publicações em revistas e plataformas científicas.
Em solenidade, Bolsonaro elogiou Marcos Pontes, disse que houve “exaustivas análises” para se chegar aos resultados do medicamento e afirmou que o ministro “apontou a possibilidade da nitazoxanida atingir o seu objetivo”. Na sequência, voltou a defender o uso da hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra a Covid-19.
“Até que um dia surgiram as respostas, através das observações, de pessoas que concretamente usaram esse medicamento, e foi constatado na ponta da linha que a carga viral diminuía”, disse Bolsonaro. “Ele me disse que, dessas pessoas que usaram esse medicamento, nenhuma sequer foi hospitalizada.”
“E nós lembramos do pânico que a grande mídia, junto à população”, disse o presidente. “Eu não apostei e nem joguei na hidroxicloroquina. Conversei com médicos do Brasil todo. No início, estava dando certo. Não tínhamos alternativa.”
Quem propaga vacina obrigatória promove “terror”
Bolsonaro voltou a afirmar que a vacina contra a Covid-19 não será obrigatória, contrariando frontalmente o seu rival João Doria (PSDB), governador de São Paulo, que anunciou em 16 de outubro a obrigatoriedade da imunização em todo o município.
“Como cabe ao Ministério da Saúde definir essa questão, e já foi definida, ela não será obrigatória. Então, quem está propagando isso aí, com toda a certeza, é uma pessoa que pode estar pensando em tudo, menos na saúde ou na vida do próximo”, disse o presidente.
Bolsonaro declarou ainda que as vacinas necessitarão de aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), “e isso não é a toque de caixa, nem de uma hora para a outra”.
“Nós sabemos que muita gente contraiu e nem sabe que contraiu, e já está imunizado. Vai obrigar essa pessoa a tomar essa vacina?”, questionou.
“Não quero acusar ninguém de nada aqui. Mas essa pessoa está se arvorando e levando o terror perante à opinião pública”, afirmou o presidente.