Doutoranda da UFABC e bolsista do LNNano/CNPEM, Juliana Naomi Yamauti Costa obteve destaque pela sua pesquisa sobre biossensores quânticos para detecção do vírus Mpox, desenvolvida com apoio da Fapesp e Capes.
Juliana Naomi Yamauti Costa, física biomolecular e bolsista no Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) do Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM), foi premiada no “76th Annual Meeting of the International Society of Electrochemistry (ISE)”, considerado o maior congresso internacional da área de eletroquímica, e que nesta edição foi realizado na cidade de Mainz, Alemanha.

Juliana Naomi Yamauti Costa durante o evento
A responsável pelo estudo foi reconhecida no evento pela apresentação do pôster “Analysis of Quantum Capacitive States as a Signal Amplification Mechanism in Biosensing Electrochemical Chips for Diagnosis of Mpox”, no qual demonstrou a viabilidade do uso de biossensores eletroquímicos quânticos altamente sensíveis aplicados ao diagnóstico do vírus Mpox — uma doença infecciosa emergente, transmitida por contato direto, que pode causar lesões cutâneas, febre e complicações graves em populações vulneráveis.
O projeto é conduzido no CNPEM sob a orientação do pesquisador líder do LNNano, Renato Sousa Lima e, em colaboração com o Prof. Paulo Bueno (UNESP), envolve esforços de transferência de biossensores quânticos de eletrodos convencionais para plataformas miniaturizadas de alto desempenho.
A pesquisa utiliza chips eletroquímicos de alta densidade de eletrodos, tecnologia desenvolvida por Juliana durante seu mestrado no CNPEM, agora integrados a monocamadas automontadas eletroativas (e-SAMs). Esse sistema detecta a ligação de biomarcadores virais por meio de mudanças na capacitância quântica, um fenômeno ligado à forma como os elétrons ocupam estados energéticos disponíveis no material. Essa propriedade funciona como um mecanismo intrínseco de amplificação de sinal, garantindo alta sensibilidade e precisão mesmo em baixas concentrações de biomarcadores virais. Além do Mpox, essa tecnologia apresenta grande potencial de adaptação para o diagnóstico de outras doenças, já que o princípio de detecção pode ser facilmente direcionado a diferentes biomarcadores.

Bolsista do LNNano e o poster premiado no evento
“Nosso objetivo é mostrar que a plataforma desenvolvida no CNPEM, aliada ao uso da capacitância quântica como mecanismo de detecção, pode estabelecer um novo paradigma em biossensores. Essa abordagem não só torna os testes mais rápidos, acessíveis e confiáveis, como também pode ser aplicada a uma ampla gama de doenças, indo além das limitações de métodos tradicionais”, explica Juliana.
O estudo é conduzido como parte do doutorado de Juliana na Universidade Federal do ABC (UFABC), e integra o projeto “Dispositivos miniaturizados visando à produção em larga escala: fabricação, caracterização e aplicações in-situ”, desenvolvida no CNPEM, com a apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). As expectativas são que os primeiros resultados da pesquisa sejam publicados no segundo semestre de 2026 e que a plataforma seja futuramente licenciada por uma empresa voltada para o estudo e a descoberta de fármacos.
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