Reporter do Futuro, em 13/06/2012
A biodiversidade amazônica e seu potencial para produção de bioenergia, assim como questões climáticas relacionadas à região, são alguns dos temas a serem abordados pelo Marcos Silveira Buckeridge, biologista vegetal especialista em mudanças climáticas que fará a primeira conferência de imprensa para os estudantes do Projeto Repórter do Futuro neste sábado 16/06 no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP). Durante o Simpósio Internacional de Florestas, realizado em dezembro do último ano no Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Buckeridge destacou o potencial de um vegetal nativo, o mata-pasto, para a produção de bioenergia para a Amazônia. Segundo ele, o vegetal pode ser utilizado para atender as demandas de energia elétrica de comunidades isoladas da região. Em março deste ano, Buckeridge alertou para os riscos que o Projeto de Lei 626/2011, que permite o plantio de cana em áreas degradadas e nos biomas Cerrado e Campos Gerais da Amazônia Legal, representa para a região. O PL, de autoria do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), tramita com velocidade no Senado . A conservação do ecossistema amazônico e toda sua biodiversidade serão abordados na segunda conferência de imprensa com o enegenheiro agrônomo Paulo Yoshio Kageyama, que além de professor da USP é colaborador do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Durante a gestão Lula, com Marina Silva à frente da pasta, Yoshio dirigiu o Programa Nacional de Biodiversidade e participou de um estudo sobre agrobiodiversidade e diversidade cultural.
Mais sobre os conferencistas
Marcos Buckeridge
É um pesquisador que trabalhou por 20 anos, com espécies nativas neotropicais, no Instituto de Botânica de São Paulo. Em 1995 estabeleceu uma linha de pesquisa centrada na compreensão dos mecanismos fisiológicos e celulares envolvidos no estabelecimento de plântulas de biomas tropicais, bem como o desenvolvimento de ferramentas biotecnológicas para ajudar no uso sustentável da biodiversidade. Com a crescente importância do impacto mundial das alterações climáticas globais, o Dr. Buckeridge tornou-se pioneiro em estudos que tentam compreender como a floresta, incluindo espécies atlânticas e amazônicas, está respondendo com relação à crescente concentração de dióxido de carbono na atmosfera. Mais recentemente, seu grupo de pesquisa iniciou outro foco, visando entender como a cana de açúcar vai responder às alterações climáticas. A relevância desse estudo reside no fato da cana ser atualmente uma das mais importantes culturas no Brasil, sendo responsável pela produção de etanol como combustível. Dr. Buckeridge transferiu-se para a Universidade de São Paulo em 2006 e desde 2009 atua como diretor científico do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, CTBE, em Campinas. Ele é também coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (INCT do Bioetanol.) Foi Presidente da Sociedade Botânica de São Paulo entre 2001 e 2005 e é um dos autores líderes do próximo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), a ser apresentado em 2014. Atualmente, Dr. Buckeridge é membro de corpo editorial dos periódicos: Trees:structure and function (Springer), Bioenergy Research (Springer), Global Change Biology Bioenergy e Australian Journal of Botany.
Paulo Yoshio Kageyama
Possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo (1969), mestrado pela Universidade de São Paulo (1977) e doutorado em Agronomia (Genética e Melhoramento de Plantas) pela Universidade de São Paulo (1980). Atualmente é colaborador do Ministério do Meio Ambiente e professor titular da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Genética e Conservação, com ênfase em Genética de Espécies Arbóreas, atuando principalmente nos seguintes temas: Conservação de Ecossistemas Tropicais, Restauração de Áreas Degradadas, Sementes Florestais, Variabilidade e Estrutura Genética, fluxo gênico.