Entre os objetivos da colaboração estão o fortalecimento de infraestruturas de alta e máxima biossegurança, e o impulsionamento do avanço científico no estudo de agentes altamente infecciosos

Legenda: Diretor-Geral da ERINHA Dr. Jonathan Ewbank (à esq.) e Diretor-Geral do CNPEM Antonio José Roque da Silva (à direita) assinam Memorando de Entendimento com vistas ao projeto Orion. (Créditos: Divulgação/CNPEM)
A Infraestrutura Europeia de Pesquisa em Agentes Altamente Patogênicos (ERINHA- em inglês The European Research Infrastructure on Highly Pathogenic Agents), assinou um acordo com o Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM) no dia 5 de junho deste ano, com intenção de colaborar com o projeto Orion – complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos, que compreenderá instalações de máxima contenção biológica (NB4) inéditas na América Latina, sendo as primeiras do mundo conectadas a uma fonte de luz sincrotron, o Sirius.
A ERINHA reúne instituições do continente europeu que são reconhecidas por conduzir pesquisas em laboratórios de nível 3 (NB3) e 4 de biossegurança na área de saúde pública voltadas às doenças infecciosas. O acordo assinado entre a associação europeia e o CNPEM, foi formalizado por meio de um Memorando de Entendimento, que tem como finalidade promover a colaboração entre as instituições para garantir o fortalecimento de infraestruturas de alta e máxima biossegurança, além de impulsionar o avanço científico no estudo de agentes altamente infecciosos. “Para o Brasil que tem como objetivo construir o Orion, é extremamente importante fazer essas conexões internacionais. Você precisa estabelecer essas parcerias, inclusive para treinar pessoas, visitar e conhecer essas estruturas. Já estamos fazendo isso com diversos laboratórios individualmente, então é interessante ampliar esse relacionamento por meio dessa rede, porque imediatamente você tem acesso a um número muito maior de laboratórios e abre um diálogo com todos eles”, afirma Antonio José Roque da Silva, Diretor-Geral do CNPEM.
Entre as vantagens proporcionadas por essa colaboração estão o intercâmbio entre pesquisadores através do acesso às instalações NB3 e NB4 das instituições que integram a associação europeia. Essa aproximação permitirá, por exemplo, a realização de ações conjuntas para fortalecer a expertise em gestão de riscos biológicos e o desenvolvimento de pesquisas voltadas ao avanço do conhecimento sobre patógenos que representam uma ameaça significativa à saúde pública. “Esse é o modelo no qual a ERINHA opera na Europa: intermediando o acesso de pesquisadores que precisam realizar trabalhos nesses laboratórios sob suas tutelas, com base em segurança, proteção, coerência e práticas comuns. Esse é o caminho para o futuro, e estou feliz por podermos concretizar essa colaboração”, destaca o Diretor-Geral do ERINHA, Dr. Jonathan Ewbank.
Doenças infecciosas emergentes (novas infecções ou aquelas com incidência crescente) e reemergentes (previamente controladas, mas que voltam a ocorrer com grande número de casos) representam um grave problema de saúde pública em escala global. Nesse contexto, infraestruturas como o Orion são fundamentais para viabilizar o avanço das pesquisas em saúde. Para Ewbank, há um potencial extraordinário na combinação de um laboratório de máxima contenção biológica com uma fonte de luz síncrotron – o caso do ineditismo mundial que consistirá o projeto Orion. “É bem possível que supere as expectativas que temos hoje”, comentou.
Durante a visita ao CNPEM, o Diretor-Geral da associação pan-europeia também conheceu o laboratório de treinamento operado pelo Programa de Treinamento & Capacitação em Laboratórios NB3. O espaço é uma réplica fiel das instalações de biossegurança NB3 e NB4, equipado com toda a infraestrutura necessária para simular, de forma realista, os ambientes desses níveis de contenção. O objetivo do Programa é formar profissionais aptos a atuar futuramente no Orion – além de fortalecer a disponibilidade de recursos humanos qualificados para pesquisas com patógenos de alto risco.

Legenda: Diretor-Geral da ERINHA durante visita no laboratório de treinamento do CNPEM.
(Créditos: Divulgação/CNPEM)
ERINHA
A ERINHA é uma infraestrutura de pesquisa pan-europeia, organizada como uma Associação Internacional Sem Fins Lucrativos, em inglês Association International Sans But Lucratif (AISBL). A Associação reúne as principais instalações de alta e máxima contenção biológica da Europa, para viabilizar e fortalecer pesquisas sobre patógenos de alto risco biológico. O escritório administrativo do grupo europeu está sediado em Bruxelas, na Bélgica.
Projeto Orion
O projeto Orion será um complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos, que compreenderá instalações de máxima contenção biológica (NB4) inéditas na América Latina, sendo as primeiras do mundo conectadas a uma fonte de luz sincrotron, o Sirius. Em construção na cidade de Campinas-SP, no campus do CNPEM, o Projeto reunirá técnicas analíticas e competências avançadas de bioimagens, que serão abertas a comunidade científica e órgãos públicos. Ao possibilitar o avanço do conhecimento sobre patógenos e doenças correlatas, o Orion subsidiará ações de vigilância e política em saúde, assim como o desenvolvimento de métodos de diagnóstico, vacinas, tratamentos e estratégias epidemiológicas. Instrumento de apoio à soberania nacional no enfrentamento de crises sanitárias, o Orion tem o potencial de beneficiar diversas áreas, como saúde, ciência e tecnologia, defesa e meio ambiente.
A execução do projeto Orion é de responsabilidade do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), uma organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O Projeto integra o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, é financiado com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) do MCTI e apoiado pelo Ministério da Saúde (MS). A iniciativa faz parte da Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial do Governo Federal, atuando como um instrumento de soberania, competência e segurança nacional nos campos científico e tecnológico para pesquisa, defesa, saúde humana, animal e ambiental. A concepção do Orion deve ainda fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), iniciativa coordenada pelo MS, voltada ao atendimento de demandas prioritárias do Sistema Único de Saúde (SUS).
Sobre o CNPEM
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) abriga um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de CT&I. Organização Social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no País. O CNPEM hoje desenvolve o projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. Equipes altamente especializadas em ciência e engenharia, infraestruturas sofisticadas abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores com o setor produtivo e formação de pesquisadores e estudantes compõem os pilares da atuação deste centro único no País, capaz de atuar como ponte entre conhecimento e inovação. As atividades de pesquisa e desenvolvimento do CNPEM são realizadas por seus Laboratórios Nacionais de: Luz Síncrotron (LNLS), Biociências (LNBio), Nanotecnologia (LNNano) e Biorrenováveis (LNBR), além de sua unidade de Tecnologia (DAT) e da Ilum Escola de Ciência, curso de bacharelado em Ciência e Tecnologia, com apoio do Ministério da Educação (MEC).