Redeeconews, em 08/05/15
O Ibama emitiu a Licença Prévia para a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), empreendimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), que deverá ser instalado em 2018, no município de Iperó/SP.
O reator terá como prioridade fabricar radioisótopos, que são a base para os radiofármacos, substâncias essenciais na Medicina Nuclear, especialidade que possibilita maior precisão no diagnóstico e tratamento de doenças como câncer, problemas cardíacos, avaliação das atividades cerebrais, entre outras aplicações Os radioisótopos também são usados para a produção de fontes radioativas destinadas a aplicações na indústria e na agricultura, entre outras áreas.
O Brasil possui atualmente quatro reatores de pesquisa em funcionamento. Mas nenhum tem capacidade para produzir o molibdênio-99 (Mo-99), radioisótopo que dá origem ao radiofármaco tecnécio-99m, utilizado em mais de 80% dos 1,5 milhão de procedimentos de Medicina Nuclear realizados anualmente no país.
A CNEN importa todo o molibdênio-99. E a maior parte da demanda mundial é atendida por apenas quatro grandes reatores nucleares no Canadá, Holanda, Bélgica e África do Sul.
Em 2009, com a paralisação do reator canadense que é o principal fornecedor do Brasil, juntamente com a interrupção de funcionamento de reatores na Bélgica e na Holanda, houve uma crise mundial no fornecimento desse radioisótopo. O Brasil buscou alternativas de importação na Argentina e na África do Sul, mas a área de Medicina Nuclear nacional precisou adaptar-se a uma situação de crise no abastecimento.
O custo total do Reator Multipropósito Brasileiro foi estimado em 500 milhões de dólares, cerca de R$ 1,5 bilhão.
Além da produção de radioisótopos, o RMB também realizará testes de irradiação de combustíveis nucleares e materiais estruturais utilizados em reatores de potência, bem como desenvolverá pesquisas científicas com feixes de nêutrons em várias áreas do conhecimento, atuando de forma complementar ao Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS).