Jornal da Ciência, em 09/05/2014.
Para coordenador do Laboratório Nacional de Biociências, curso é estratégico para desenvolver esse tipo de fármaco.
Diante do potencial do merca- do dos chamados medicamentos biológicos e da necessidade de capacitação de profissionais para o desenvolvimento desses produtos internamente, o governo criou o Curso de Desenvolvimento Pré-Clinico de Medicamentos Biológicos, a ser realizado no campus do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), no período de 8 a 19 de setembro deste ano. As inscrições estão abertas até 30 de junho.
Conforme explicou o coordenador do curso, Eduardo Pagani, gerente de desenvolvimento de fármacos do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), que realizará o curso, é estratégico para o Brasil desenvolver os produtos biológicos. “Essa é uma tendência mundial.”
O curso é uma iniciativa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do qual o LNBio é vinculado, e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq). A capacitação dos profissionais tem a parceria do Laboratório de Genotoxicidade (Genotox) do Centro de Biotecnologia (CBiot) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Segundo Pagani, as vendas de biológicos no mundo representam hoje entre 10% e 15% do faturamento da indústria farmacêutica mundial, mas a estimativa é de que essa participação cresça para 50% em 2025. Isso porque a tendência, segundo avalia, é o setor investir mais na inovação destinada à produção de biológicos. Em outra ponta, ele acredita, o mercado de medicamentos convencionais tende a perder espaço, diante da validade de patentes dos medica- mentos sintéticos (químicos).
Pelo fato de o Brasil estar interessado em desenvolver esses remédios inovadores, Pagani afirma que o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do qual o CNPEM é vinculado, identificou a necessidade de capacitar o mercado brasileiro dessa área.
O principal objetivo do curso é capacitar pesquisadores do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia e Cuba e profissionais de empresas farmacêuticas latino-americanas para a realização de atividades, técnicas e regulatórias, relacionadas ao desenvolvimento de medicamentos biológicos para uso humano. Serão atendidos 30 profissionais.
Segundo dados da assessoria de imprensa do CNPEM, os medicamentos biológicos constituem uma nova classe de fármacos, produzidos por processos de biologia molecular e biotecnologia. Resultantes de investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação, essas drogas vêm instituindo uma nova dinâmica – científica, regulatória e econômica – no cenário farmacêutico global.
A carga horária será de 80 horas, das quais 34 são teóricas e 46 práticas, sobre os testes pré-clínicos exigidos por autoridades regulatórias (ANVISA, FDA e EMA) para registro de produtos biológicos. As aulas serão ministradas por professo- res do Brasil, da Argentina e de Cuba. No âmbito da cooperação Brasil-Cuba, uma segunda etapa do curso está sendo planejada para acontecer em Havana, no período de 8 a 17 de outubro de 2014, da qual participarão os alunos brasileiros selecionados. (VM)