Colóquio em Joinville aborda novo Laboratório Nacional do MCT ligado ao etanol. Parceria com instituições da região está em andamento
Assessoria de Comunicação, em 14/09/2009
Até o ano passado, estudos sobre cana-de-açúcar realizados no Sul do Brasil eram tidos como pouco prováveis, pois o clima frio não é propício ao desenvolvimento desta planta. Entretanto, uma pesquisa publicada pela Embrapa e pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostrou que o aumento de temperatura previsto pelo relatório do IPCC deve atrair esta gramínea para os estados sulinos até o final deste século. Isso fez com que, aos poucos, instituições daquela região começassem a voltar suas atenções para esta importante fonte de biomassa brasileira.
Um exemplo disto foi o convite feito pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) ao líder do grupo de plasmas do Centro de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) Jayr de Amorim Filho para apresentar o Centro em um colóquio realizado no início do mês (1/9), em Joinville. Além de conhecer os programas de pesquisa do novo Laboratório Nacional do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), os catarinenses estavam interessados em estabelecer uma parceria científica com o CTBE na área de fluorescência em cana-de-açúcar.
Experimentos de fluorescência utilizam lasers e outras fontes de radiações invisíveis ao olho humano (ultravioelta, raios catódicos e raio X) que são direcionadas a um material que se busca estudar. Ao entrar em contato com a superfície deste material a radiação absorvida se transforma em um tipo de luz visível que é refletido para o ambiente. As características dessa luz refletida é que permitirão aos cientistas aprofundar o conhecimento sobre alguns processos físicos internos do objeto em análise.
Ao CTBE interessa estudar os processos relacionados à fotossíntese da cana. Para isso, eles vão estudar a interação da radiação ultravioleta com o bagaço da planta. Pesquisas anteriores mostram que é possível usar técnicas de fotodegradação como pré-tratamento para remover a lignina do material celulósico que será convertido em etanol. A lignina, para quem não conhece, é um polímero presente na parede celular da cana-de-açúcar que tem por função proteger a planta de condições climáticas desfavoráveis e ataques de microorganismos. Um dos primeiros desafios de quem busca converter biomassa em combustível é, justamente, livrar-se da lignina.
A proposta de parceria entre o CTBE, a UDESC e o Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari é pesquisar como a radiação UV se relaciona com a molécula de clorofila da cana e da folha de bananeira (produto típico da região próxima a Joinville). “Esse tipo de pesquisa pode nos dar uma luz sobre o que acontece dentro da cana durante a fotossíntese. Tal fenômeno, apesar de muito importante para a subsistência da planta, ainda é muito pouco conhecido pelos cientistas”, comenta Amorim Filho.
Os primeiros estudos nessa linha já estão em andamento. Seus resultados poderão levar ao estabelecimento de uma parceria institucional entre os institutos de pesquisa envolvidos.