Adubar o Futuro, em 03/07/2013
A área de cana colhida crua em São Paulo na última safra foi de 3,38 milhões de hectares, o que representa 72,6% da área total cultivada com a cultura no Estado. O anúncio foi feito durante a 20ª Agrishow, pelo Secretário do Meio Ambiente de São Paulo, Bruno Covas.
Com a evolução do índice, que era de cerca de 65% na safra 2011/12, Covas revela que os produtores paulistas vão se antecipar na aplicação da lei que prevê o fim da queima da cana para colheita nas áreas planas até 2021 e, nas áreas não planas, até 2031. De acordo com o Protocolo Agroambiental firmado entre o setor canavieiro e o governo do Estado em 2007, os produtores se comprometeram a acabar com a queima e a colheita manual até 2014 nas áreas planas e 2017 nas demais.
Além do fim da queima, o Protocolo – também chamado de Projeto Etanol Verde – prevê a conservação do solo, a preservação das matas ciliares e das nascentes, e a redução do uso da água na indústria, entre outras ações. Desde o início de sua aplicação, em 2007, São Paulo deixou de queimar 5,53 milhões de hectares e de lançar na atmosfera mais de 20 milhões de toneladas de poluentes e 3,4 milhões de toneladas de gases do efeito estufa, segundo dados da Secretaria de Meio Ambiente, divulgados ontem em Ribeirão Preto. “Esses valores são comparáveis aos emitidos por 59 mil ônibus em circulação durante um ano em uma grande cidade. Isso representa ganhos na qualidade ambiental para todo o Estado, principalmente para o interior”, avaliou o secretário.
Estudo recente feito por pesquisadores do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá, e publicado em edição on-line da revista Applied Energy, mostra que, com a total mecanização da colheita e a integração da primeira e segunda geração de etanol, a emissão de gases de efeito estufa é 70% menor que a registrada quando a colheita era feita a partir da queima de resíduos.
O solo também se beneficia do fim da queima, além da redução da poluição ambiental. Pois, na colheita mecanizada, a palha deixada sobre o solo o protege contra erosão e ainda contribui para o aumento da sua fertilidade. Outro benefício ambiental do Protocolo foi a redução do consumo de água pelas usinas, durante o processamento industrial: de 5 m3 por tonelada de cana processada para 1,26 m3/t na safra 2012/13.
Benefício social
Além de ambiental, o benefício é social, segundo o secretário. “Havia o mito de que a mecanização gerasse desemprego em massa”, disse Covas, referindo-se ao fato de que uma colhedora pode substituir até 80 homens no corte da cana. “Mas o que constatamos foi uma maior qualificação desse trabalhador e um aumento médio de 28% em seu salário”, completou, informando que cada máquina gera 35 empregos mais qualificados.
O limite para crescer mais e atingir 100% da área é a condição dos pequenos produtores e a própria falta de máquinas, explicou a Secretária da Agricultura, Mônica Bergamaschi, que acompanhou Covas na coletiva de imprensa na Agrishow. Pois o investimento é alto: uma máquina colhedora não sai por menos do que R$ 1 milhão. A alternativa para os pequenos é a compra por meio de cooperativas ou terceirizar a colheita.
Bergamaschi disse ainda que o setor de pesquisa, que inclui o Centro de Cana do IAC, subordinado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, tem investido no desenvolvimento de variedades mais adaptadas à colheita mecanizada e que, em breve, os produtores terão mais opções nessa área, o que contribuirá para aumentar a produtividade dos canaviais.
As usinas signatárias do Protocolo são responsáveis por cerca de 96% da produção paulista e 48% da produção nacional de etanol. Ao cumprir as regras do Protocolo, elas ganham um selo que atesta suas boas práticas ambientais, o que é valorizado pelo importador, especialmente o europeu.
Fonte: Sou Agro