Diretor-presidente e comitivas técnicas da Embrapa visitam CTBE em busca de projetos de interesse comum.
Assessoria de Comunicação, em 15/03/2010
No último dia 22 de janeiro, durante a inauguração do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) em Campinas-SP, Embrapa e CTBE assinaram um acordo de cooperação científica (“guarda-chuva”) entre as instituições. De lá para cá, tem-se buscado identificar interesses em comum para dar início à delimitação de estudos conjuntos em várias frentes ligadas ao etanol de cana-de-açúcar. Este trabalho culminou na visita do diretor-presidente da Embrapa Pedro Antonio Arraes Pereira ao CTBE na última sexta-feira (12/3).
Arraes veio ao Laboratório para conhecer as atividades de ciência e tecnologia (C&T) desenvolvidas dentro dos cinco programas de pesquisa da instituição. Além do Programa Agrícola do CTBE, que inicialmente motivou a celebração da cooperação institucional com a Embrapa, outras iniciativas chamaram a atenção de Arraes. Entre elas se destacam os estudos do CTBE ligados à produção industrial de etanol a partir de biomassa (material lignocelulósico).
O CTBE constrói atualmente uma Planta Piloto para Desenvolvimento de Processos (PPDP) que testará processos sobre etanol celulósico em escala semi-industrial. Arraes afirma que a Embrapa tem interesse na PPDP e nos estudos sobre a próxima geração de biocombustíveis porque visualiza oportunidades para muitas regiões do país. É que, além do bagaço e palha da cana-de-açúcar, materiais como a casca de coco verde, o caroço de açaí no norte do país, o babaçu no Maranhão e a casca de caju em certas regiões do Nordeste também podem se tornar boas matérias-primas para o etanol celulósico. Para isso, entretanto, é preciso aprofundar o conhecimento científico atual e desenvolver a tecnologia necessária.
A visita de Arraes terminou com a apresentação do Programa da Biorrefinaria Virtual de Cana-de-açúcar (BVC) do CTBE, ferramenta de simulação computacional que visa analisar o nível de sucesso de tecnologias em desenvolvimento no setor. Segundo o diretor do Laboratório Marco Aurélio Pinheiro Lima a BVC é uma espécie de guia de investimento, pois aponta os principais gargalos que precisam ser superados em diferentes rotas tecnológicas de produção de álcool para que o setor produtivo obtenha taxas maiores de retorno sobre investimentos. A expectativa é que a BVC seja construída por uma rede de instituições de excelência coordenada pelo CTBE. Esta rede seria formada por seis sub-redes, duas delas lideradas pela Embrapa.
Visitas técnicas e plantio direto em cana
Vários representantes da Embrapa estiveram no CTBE nas últimas semanas para discutir sobre possibilidades de parcerias. Entre estes estão o diretor-executivo Kepler Euclides Filho e pesquisadores das unidades Tabuleiros Costeiros (Aracaju-SE), Meio Ambiente (Jaguariúna-SP), e Floresta Agroindustrial (Fortaleza-CE). Isto, sem contar o diretor-executivo José Geraldo Eugênio de França que faz parte do Conselho de Administração da Associação que gere o CTBE e, por conta disto, visita o Laboratório com freqüência. França foi um dos principais motivadores do acordo assinado com o CTBE.
A discussão mais avançada trata sobre o Programa Agrícola do CTBE. Os pesquisadores deste Programa buscam implantar na cultura de cana um tipo especial de manejo agrícola chamado plantio direto. Este sistema possibilita o plantio de culturas sem processos de preparo do solo, além de utilizar um maquinário que causa menor tráfego e compactação do solo. Somadas, estas duas características aumentam a produtividade, reduzem os custos e trazem maior sustentabilidade ao campo.
A Embrapa, que coordenará os estudos agronômicos deste Programa, já se organiza para realizar experimentos de campo com o plantio direto em cana nos estados de São Paulo, Paraná, Alagoas, Pernambuco e, em um futuro próximo, no Cerrado. Enquanto isso, o CTBE se concentra na construção do maquinário agrícola específico para a implantação do sistema na agricultura de cana.
CTBE e Embrapa também tem conversado sobre a montagem de laboratórios científicos na área de biocombustíveis. Segundo o diretor-executivo da Embrapa Kepler Euclides Filho, as duas instituições trabalham na construção de instalações científicas voltadas a esta área. O CTBE finaliza a instalação de equipamentos nos laboratórios inaugurados pelo presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro passado e se prepara para equipar sua Planta Piloto. Já a Embrapa planeja construir vários laboratórios para atuar com biocombustíveis, em especial a sede da unidade Embrapa Agroenergia que será inaugurada no fim deste ano.