Valor Econômico em 06/09/2019
Uma parceria entre a estatal química chinesa Sinochem, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e o Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR) de R$ 3,7 milhões anunciada hoje vai financiar a pesquisa e o desenvolvimento de produtos para a produção de etanol a partir de biomassa (de segunda geração) e para substituir o petróleo por biomassa na fabricação de hidrocarbonetos. O objetivo é encontrar soluções de produtos que reduzam a emissão de carbono e ofereçam recursos menos poluentes para a indústria.
Do pacote de investimentos, metade será aportado pela Sinochem, 33% pela Embrapii e 17% pelo Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), uma organização social que abriga o laboratório e é ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC). Os aportes ocorrerão pelos próximos dois anos.
No projeto de do etanol celulósico, as pesquisas buscarão um “coquetel” de enzimas que facilitem a quebra de biomassa. “Para o etanol celulósico, vamos utilizar nossa plataforma biológica customizada bem como recentes descobertas que relacionam novas atividades enzimáticas para desenvolver um produto capaz de aumentar a produção do etanol de segunda geração, obtido a partir da sacarificação do bagaço e outras biomassas”, conta Mario Murakami, diretor científico do LNBR, em nota.
A produção das enizmas serão eventualmente testadas na planta-piloto do LNBR em Campinas. Atualmente, existem apenas duas indústrias no Brasil que produzem etanol celulósico em escala comercial.
No caso do projeto de hidrocarboneto de base biológica, as pesquisas vão aprofundar uma recente descoberta de reações bioquímicas que permitem a obtenção de moléculas (alcenos) que normalmente são obtidas a partir do petróleo.
“Quando pensamos na produção de hidrocarbonetos renováveis utilizando plataformas microbianas, entendemos que as enzimas são peças fundamentais na produção de alcenos e alcanos, que são normalmente obtidos a partir de rotas petroquímicas”, explica a pesquisadora Letícia Zanphorlin, do LNBR, também em nota.
A pesquisa poderá se beneficiar do laboratório Sirius — um acelerador de quarta geração — para elucidar ao nível atômico das reações bioquímicas que serão estudadas ao longo do projeto.
“A unidade Embrapii Biotecnologia foi elemento importante no fechamento dessa parceria, pois apoiou a Sinochem na realização de um projeto de complexidade e profundidade científica e tecnológica”, afirma Patrícia Toledo, coordenadora da Unidade Embrapii Biotecnologia e gestora de inovação do CNPEM. “A Embrapii atua no compartilhamento de custos e riscos da inovação”, acrescenta.