12/02/2010 – Jornal Brasil Econômico
Há uma corrida de empresas e instituições de pesquisa em prol do desenvolvimento da tecnologia para a comercialização em larga escala do etanol de segunda geração, extraído a partir da celulose. E não importa quem será o vencedor, o Brasil será o centro de produção dessa nova tecnologia. É o que acredita Alfred Szwarc, consultor de emissões e tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
A afirmação é baseada no movimento de empresas estrangeiras interessadas em fazer parcerias e instalar negócios no país e também em uma simples constatação: o bagaço da cana é nosso. Apesar das iniciativas para a produção de combustível a partir de outras matérias-primas, é na pesquisa do bagaço e palha da cana-de-açúcar que estão os maiores avanços na área da biomassa. “O Brasil oferece condições ideais se comparado a outros países, não só de custo de produção, mas de oferta da matéria- prima. O bagaço está disponível no pátio das usinas, pronto para ser usado”, diz. A opinião do consultor não é isolada. “Nós não temos a tecnologia para produzir emlarga escala hoje, mas, de fato, ninguém tem. O que nos diferencia é que estamos muito avançados no desenvolvimento do etanol de primeira geração e temos a matéria-prima para a viabilizar o etanol de segunda geração”, afirma Rubens Maciel, coordenador do núcleo de Engenharia e Processos de Produção do Programa de Bioenergia da Fapesp (Bioen).
“Não é sonho acreditar que em 2020 estaremos vendendo etanol de segunda geração para osamericanos.” No quesito data, Szwarc é mais otimista. Para ele, dentro de cinco anos já teremos novidades de produção. “Sei que até então o entusiasmo foi maior do que os resultados práticos, mas estamos próximos de começar a ver unidades pilotos comerciais em funcionamento”, diz. Hoje são vários os exemplos de empresas que pesquisam combustíveis a partir da celulose, como a planta piloto da Dedini, o laboratório da Petrobras, o Centro de Tecnologia Canavieira e o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE).
“Algumas pequenas empresas já têm produção em laboratório, mas ainda preferem não divulgar”. A participação das estrangeiras também é substancial. Entre elas, a sueca Sekab, que estuda a obtenção do etanol de segunda geração com resíduos de madeira e também a partir da cana. “Se eles conseguirem sair na frente, não fará sentido importar bagaço ou palha para a produção em larga escala. Terão de abrir uma unidade no país”, conta, ressaltando que as americanas LS9 e Coskata também estão na corrida por parcerias com empresas nacionais. Sustentabilidade e novos usos A aposta no etanol de segunda geração tem um apelo sustentável que anima o mercado.